“Os mais novos têm sorte por ter o Sérgio”
ELOGIO Pepe trabalhou com treinadores como Zidane, Mourinho ou Carlo Ancelotti, mas diz que Conceição se diferencia por ser aberto e saber ouvir
Central tem 36 anos, mas garante que ainda não pensou no que quer fazer quando pendurar as chuteiras. Até isso acontecer, o foco será apenas em jogar. Depois terá muito tempo para ponderar
Pepe gostava de ter apanhado um treinador como o que tem agora no início da sua carreira porque, diz, Sérgio Conceição sabe ouvir o que o jogador tem para lhe dizer. Apesar da fama de duro, a liberdade que o técnico dá para todos se expressarem, mesmo que as opiniões sejam discordantes, surpreendeu o central. E embora saiba que está na reta final da carreira como jogador, Pepe ainda não pensou no que pretende fazer quando pendurar as chuteiras. Até porque isso nem lhe passa pela cabeça neste momento.
Depois de ter trabalhado com treinadores como Mourinho, Zidane e Ancelotti, só para citar alguns, que características vê em Sérgio Conceição que o diferenciam?
—Cada um tem a sua maneira de trabalhar e de ver o futebol, mas costumo dizer aos meus colegas mais jovens – não desrespeitando os outros treinadores, que foram importantes para mim – que têm sorte em ter um treinador assim. Queria ter tido, quando era jovem, no início da carreira, um treinador como o Sérgio, um adjunto como ele tem, com a abertura que ele nos dá, permitindo que expressemos o que sentimos. Ele foi jogador e sabe quais são as nossas necessidades. Ele já viveu tudo aquilo por que estamos a passar. Tem uma coisa que me chama muito aatenção:é muito aberto. Pode recriminar, chamar a atenção ou dar uma dura, mas depois dá-nos a liberdade de nos explicarmos, de darmos a nossa versão. E recebe essa informação. Muitas vezes, as pessoas interpretam no deu ma forma errada, porque não somos todo siguais. Podemos discordar e sermos amigos. O que falta no futebol português é esse debate sem
“É um treinador muito aberto. Pode dar uma dura, mas dá liberdade para explicarmos a nossa versão”
maldade, sem segundas intenções ou interesses por trás.
E o Pepe já pensou se quer ficar ligado ao futebol quando terminar a carreira? Ser treinador, por exemplo?
—Com toda a sinceridade, não penso nisso. Sou jogador e quero pensar apenas nisso. Muita gente, inclusive amigos, me pergunta se quero ser treinador ou não. Quero pensar como jogador. Sei que me falta menos tempo para o final da carreira, mas esse tempo é em exclusivo para ser jogador. Depois tenho tempo de pensar nisso.
“[Sérgio] já foi jogador e sabe quais são as nossas necessidades”