“Gostava de levar o Tiago Dantas e o Fábio Silva”
José Boto não esconde o prazer que lhe dá ver jogadores como o benfiquista e o portista e acredita mesmo que este acabará por sair pelo valor da cláusula de rescisão: 125 milhões de euros
José Boto assume sem falsos constrangimentos que, financeiramente, a oferta para se mudar para o Shakhtar era irrecusável e que Luís Filipe Vieira não tentou ir a jogo porque percebeu que os valores em causa eram de outro campeonato.
Estava confortável no Benfica, gozava de grande reputação. Porque saiu para o Shakhtar?
—Existiramváriasrazões,mas não vamos fugir a uma que todosprocuramos:amelhoriadas condições financeiras. Depois, o projeto que me foi apresentado.Antesdefalarcomeles,estava um pouco desconfiado, porqueaimagemquetemosdestes clubes é que normalmente não apresentam grandes projetos – utilizamodinheirocomoúnico projeto.Narealidadefiqueisurpreendido,porquemeapresentaram um projeto muito interessante, assente nas ideias do Paulo Fonseca e que entroncavam nas minhas ideias.
O Paulo Fonseca esteve então na génese da sua ida?
—O facto de partilharmos as mesmas ideias sobre futebol facilitou o processo.
Luís Filipe Vieira fez algum esforço para que não saísse?
—É boa altura para esclarecer uma coisa: eu não saí chateado com ninguém no Benfica, pelo contrário; tenho uma excelente relação com Luís Filipe Vieira. Quando lhe expliquei a situação e que tipo de oferta tinha em mãos, ele percebeu perfeitamente e eu também sabia que a oferta que eu tinha era incomportável para o Benfica. Ele ainda falou comigo, mas percebeu que os valores eram inacessíveis.
Quem são os jovens talentos portugueses que estão na primeira linha para fazer uma grande carreira?
—Daqueles que ainda não se afirmaram nas primeiras equipas, há dois que eu destaco e que gostava muito de levar para o Shakhtar: o Tiago Dantas e o Fábio Silva. São dois jogadores que têm tudo para chegar ao topo do mundo e que encaixavam perfeitamente no Shakhtar [risos].
O que têm eles de diferente para afirmar isso com tanta convicção?
—São muito bons tecnicamente e muito inteligentes. Não fazem da força física a sua maior arma; o cérebro é a arma deles, a velocidade com que executam e pensam e isso, no jogo do Shakhtar, é muito importante.
Mas o Shakhtar tem 125 milhões de euros para pagar pelo Fábio Silva?
—Tem, mas não faz parte da política do clube pagar tanto por um jogador.
Mas acha que alguém vai bater o valor da cláusula deste jogador?
—Como está o mercado, acredito que sim. Os clubes ingleses, os espanhóis de topo, os alemães e o PSG conseguem chegar a esses valores. O potencial que ele tem, quando começar a mostrar-se a um nível mais elevado, e, quando digo mais elevado, é quando fizer três a quatro jogos seguidos de Champions, jogando aquiloqueopotencialdeleprevê, não fico nada chocado que saia por essa verba.
O que o Atlético de Madrid fez pelo João Félix foi uma loucura?
—Há duas vertentes: se me pergunta se o futebol do Atlético de Madrid é o ideal para o João, eu digo que não. Encaixaria melhor num Bayern, num City, num PSG e por aí fora. O passo do Atlético de Madrid foi inteligente, pois contratou um craque. Dentro de algum tempo, dois a três anos, ele vai estar no top 5 e pagar 126 milhões de euros por um jogador com estas características é uma boa jogada de antecipação. Atacaram no momento ideal, outros clubes, que até poderiam pagar mais, ainda estavam com algumas dúvidas. O João vai mostrar que valeu a pena pagar aquele valor.
“João Félix? Há duas vertentes: se me pergunta se o futebol do Atlético de Madrid é o ideal para o João, eu digo que não. Ele encaixaria melhor num Bayern, num City, PSG e por aí fora”
“Acredito que batam a cláusula do Fábio Silva”
“Vieira ainda falou comigo, mas percebeu que os valores eram inacessíveis para um clube como o Benfica”