PRESENTE ENVENENADO Um primeiro balanço

balanço da prestação de João Félix nestes primeiros seis meses de Madrid é positivo ou negativo? Eis a pergunta que no início da época mais esperámos por fazer e, ao mesmo tempo, a mais difícil de responder agora. O grau de satisfação dos adeptos é forçado, o treinador tem sido tão elogioso como eufemístico, os resultados são assim um tanto “meh”, o troféu Golden Boy parece mais um prémio de popularidade do que de mérito e o constante entusiasmo da comunicação social portuguesa nem sempre tem correspondência na estrangeira, e muito menos na espanhola. Entretanto, as semanas que o jogador passou lesionado e o modo exultante e público (porventura tipicamente jovem) como tem vivido o namoro com a sua garota-troféu só reforçam a confusão. É evidente que Félix não jogou nestes seis meses – nem sequer na seleção, já agora – o equivalente a 126 milhões de euros. Mas também me parece que, apesar de tudo, jogou mais do que muitos rapazes da sua idade jogariam com o peso desse dinheiro sobre os ombros. Renato Sanches não custou metade e, de jogador mais livre e corajoso da sua geração, tornou-se uma sombra que os recentes sinais de recuperação ainda não iluminaram. No fim, voltamos ao mesmo problema: a desproporção daquela contratação. E nem quem vendeu, nem quem mediou, nem sequer quem comprou terá de lidar com as suas consequências como o miúdo imberbe a quem cabe justificar a irresponsabilidade dos adultos que o usaram.