ANTF vai queixar-se ao Governo
Falta de habilitações de Rúben Amorim abre conflito
Sucessor de Sá Pinto é hoje apresentado e já motivou um comunicado duríssimo da associação de classe dos treinadores, que pretende ver alterada a legislação para retirar à Liga o poder de definir as regras do jogo
Rúben Amorim ainda nem tinha assumido o comando técnico do plantel principal do Braga e a escolha da S AD já estava a ser contestada - não pelas bancadas da Pedreira, mas pelos pares, num comunicado da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF). A associação de classe entende que “mais este triste episódio” é “uma vergonha”.
Em causa está o facto de o até há poucos dias treinador dos bês do Braga não ter habilitações para treinar na I Liga, tal como sucede com Silas, no Sporting. Não está em causa Rúben Amorim, salvaguarda a ANTF, mas uma prática reiterada dos clubes que “mancha a classe dos dirigentes” e “desprestigia” a modalidade. “A melhoria do futebol passa pelo aumento das qualificações profissionais”, defende, eé nesse espírito que, para trabalhar no escalão principal,é exigido o curso de IV nível. Este, por sua vez, pressupõe um percurso de vários anos nos diferentes escalões. O Regulamento de Competições da Liga, porém, oferece um atalho ao referir apenas a necessidade de um elemento habilitado na equipa técnica, não necessariamente o treinador principal. No Braga, que hoje passa para as mãos de Rúben
Amorim, será o treinador de guarda-redes, Jorge Vital, a ter o nome na ficha de jogo; no Sporting de Si las,éoad junto Emanuel Ferro; e assim tem sucedido, ao longo das épocas, apesar dos protestos da ANTF.
Aparentemente, a nomeação de Rúben Amorim foi a gota e a associação anunciou a intenção de “propor ao Governo da República a alteração do Regime Jurídico das Federações Desportivas” para ser retirada aos clubes, representados pela Liga, a “autonomia” que lhes permite “decidirem em causa própria em matérias tão sensíveis como a elaboração do Regulamento de Competições”e as“consequências” do respetivo incumprimento. “Quem não é capaz de respeitar os próprios regulamentos que elabora, não é digno de ter essa autonomia regulamentar”, protesta a ANTF.
Em comunicado, a Liga declarou-se “sensível aos argumentos”, mas defendeu que “tem ido até além do que está previsto na Lei“e deixou um aviso: “No verão de 2016, uma pequena fração do poder político tentou retirar à Liga e aos clubes a sua capacidade de autorregulação e a resposta, àquela data, foi inequívoca e unânime. A Liga Portugal e os clubes das competições profissionais jamais admitirão que tal volte a ser colocado em causa”.
“Uma vergonha! (...) Quem não é capaz de respeitar os regulamentos que elabora não é digno de ter essa autonomia regulamentar”
Comunicado da ANTF