O Jogo

VÍRUS CHEGA AOS SALÁRIOS

// Ricardo Dionísio, técnico do Sion: “É para ajudar o clube” // Suíços despediram os nove jogadores mais caros // Lei prevê extensão de contratos para lá de 30 de junho // Apostas: perda de receitas pode chegar aos 100% em abril JÁ HÁ CORTES E ATÉ DESP

- PEDRO RIBEIRO

Desde janeiro à frente da equipa suíça, o técnico explica a O JOGO que, face à pandemia, quer “fazer parte da solução e não do problema”, lembrando: “É o momento de sermos um exemplo para a sociedade”

Anteontem, o Sion, para fazer face às dificuldad­es económicas resultante­s da pandemia da Covid-19, pediu a colaboraçã­o de todos os seus funcionári­os para reduzir as despesas. Porém, nem todos os jogadores concordara­m com as medidas e nove futebolist­as (ver texto ao lado) foram despedidos por não aceitarem uma redução salarial. Ricardo Dionísio, ex-membro da equipa técnica de José Peseiro, iniciou está época a carreira como treinador principal e assumiu o comando do emblema helvético em janeiro, depois de uma passagem pelo Stade Nyonnais (III Divisão suíça). A O JOGO, o técnico deixou claro que esta não é uma altura para ter o dinheiro como prioridade e sublinha que todos devem puxar para o mesmo lado.

“O meu salário também foi reduzido, a exemplo de todos os outros funcionári­os, para ajudar o clube. Se é para apertar o cinto, toda a gente aperta o cinto e colabora. O que tenho dito ao presidente [Christian Constantin] é que quero fazer parte da solução e não do problema, e ele neste momento tem muitos problemas”, começou por explicar Ricardo

Dionísio, consideran­do, contudo, que se trata de “uma decisão individual, cada um sabe o que deve fazer”, e que “ninguém deve julgar ninguém porque existem compromiss­os que se desconhece­m”. O técnico de 37 anos reforçou: “Restam-me três meses de contrato, nãoé por aí que o dinheiro está em causa. Nãoéo dinheiro que neste momento faz sentido. Importante, sim, é darmos também um exemplo, sermos um exemplo para a sociedade. Se calhar, nãoéo momento de pensarmos em dinheiro e, sim, em ajudar-mos uns aos outros.”

Ricardo Dionísio explicou que o Sion contava “angariar cerca de 3,3 M€ limpos junto de patrocinad­ores” com a festa anual no início deste mês, entretanto anulada, e que a impossibil­idade de alcançar essa receita “foi uma grande machadada”. Por isso, o clube recorreu a uma alínea na legislação do trabalho, conforme esclareceu: “Na Suíça, além do fundo de desemprego, existe o fundo de desemprego técnico para situações de catástrofe, comoé ocaso. O presidente pediu para recebermos através do fundo de desemprego, mas este só paga 80 por cento do salário bruto e com um teto máximo de 12 350 francos suíços (cerca de 11 700 euros). Os jogadores que foram despedidos­ganhavam mais do que isso e não aceitaram.”

Antecipar reformulaç­ão pode ser a solução

Ricardo Dionísio disputou apenas cinco jogos à frente do Sion, 8.º classifica­do, e muito difícil que a época ,“suspensa há três semanas”, acabe normalment­e, mesmo com o adiamento do Euro’2020, porque “até ao fim de abril não há hipóteses de jogar ”.“Ofuteb olé a única modalidade que ainda não terminou deforma definitiva, embora exista uma grande probabilid­ade. M esmoques e empurre a época para a frente, tem de se jogar tudo em maio e junho. Ora, normalment­e em finais de julho já há competição, contrariam­ente ao que

Na legislação suíça está contemplad­o o fundo de desemprego técnico, que assegura 80 por cento do salário bruto mas com um teto máximo de 12 350 francos (11700 euros)

RICARDO DIONÍSIO DIZ “O meu salário foi reduzido, a exemplo de todos os outros funcionári­os, para ajudar o clube” “É uma decisão individual, cada um sabe o que deve fazer” “Não é o momento de pensarmos em dinheiro e sim em ajudar-nos uns aos outros” “Se a Suíça tem conseguido combater a Covid-19, foi porque tomou medidas muito antes de outros países” “Até ao fim de abril não há hipóteses de jogar”

sucede em Portugal, Espanha, Itália e outros países, onde ainda se está em pré-época. A solução pode passar por antecipar o reajuste da competição previsto para 2021/22 com o aumento de equipas. Ainda não é certo, há um grupo de estudo com os presidente­s dos clubes, mas é provável que antecipem a medida, fazendo subir equipas sem descer outras”, revelou, enaltecend­o a decisão das autoridade­s em parar todas as competiçõe­s.

“Devido à proximidad­e com Itália, os suíços cancelaram todos os eventos com mais de mil pessoas. Isso durou uma semana, porque se apercebera­m da gravidade e restringir­am tudo. O número de infetados tem aumentado [já são mais de quatro mil], mas o de mortos não. Se a Suíça tem conseguido combater a Covid19, foi porque tomou algumas medidas mui toantes de outros países”, salientou Ricardo Dionísio.

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal