“Liquidez pode dar proveitos no futuro”
1 Como analisa o facto de o Benfica estudar a revogação da OPA lançada à sua própria SAD?
—É uma decisão tomada com cautela. Quando foi lançada, havia muita gente a questionar o sentido de gastar liquidez nesta operação. Agora, com os mercados em rebuliço, parece-me sensato que não se embarque numa aventura destas. Os clubes vivem muito de receitas de bilhética e dos prémios da UEFA. Sem competição e face à incerteza do que irá suceder com as grandes fontes de receita, é muito avisado não empregar liquidez numa operação que não é essencial e guardá-la para o futuro, onde poderá tirar proveitos.
2 A situação gerada pela pandemia da Covid-19 leva à alteração dos pressupostos da OPA?
—O Benfica justificou a OPA como um mecanismo de defesa da SAD contra potenciais investidores que pudessem prejudicar o clube. Isso não se colocará no futuro próximo. Será uma altura em que os mercados estarão numa situação difícil e muitos investidores irão estar a “lamber feridas”. É, sim, uma altura para conter estragos.
3 Que tipo de consequências trará esta situação aos clubes, nomeadamente ao Benfica?
—Muitos vão sofrer, e até já se fala de baixar salários. Agora, como é habitual nos cataclismos, quem tem liquidez sai sempre por cima. O Benfica está numa situação ímpar. Por ter essa liquidez e não precisar de vender poderá gerir os seus investimentos em reforços e fazer contratações em mercados habitualmente mais difíceis, até porque os passes dos atletas vão desvalorizar-se face a esta crise.