É urgente pensar dentro da curva
Comportamento do quadro epidemiológico não deve dar “falsa sensação de proteção”, lembra a diretora-geral de saúde, Graça Freitas
Evolução das últimas horas nos casos de óbitos e infetados não suscita alarmismo, mas a imprevisibilidade associada à Covid-19 pode mudar a expressão “não-explosiva” até aqui verificada
Sem pessimismo, mas com otimismo moderado, pois o disparo pode acontecer a qualquer momento e quando menos se esperar. Foi assim que Graça Freitas, diretora-ge-raldesaúdeencarouosúltimos números de fatalidades e infetados em território nacional e a sua expressão direta na curva epidémica. A forma como esta é observada e interpretada dá lugar a uma margem de alívio e confiança no futuro, mas es- ses nunca podem ser, nesta fase, sentimentos plenos.
Ontem passaram para 14 as mortes causadas pelo coronavírus –mais duas que no dia anterior –, com o número de infetados a subir para os 1600 casos, que configura um aumento de 320 casos em 24 horas –já são mais de 300 mil os casos em todo o mundo. No boletim diário que traça e atualiza o quadro epidemiológico, Graça Freitas foi prudente: “A curva regista uma situação não-explosiva, mas ainda é cedoparadizerqueapandemia está a ter uma escalada mais controlada em Portugal do que em outros países. Não me atreveria, com base em apenas três ou quatro dias, a prever qual será o comportamento da curva daqui para a frente”, esclareceuadiretora-geraldesaúde, que ressalvou: “Nada nos deve dar a falsa sensação de proteção. É como as máscaras. Temos de estar preparados para que esta curva tenha outro crescimento.”
Por sua vez Marta Temido, ministra da Saúde, reiterou o alerta: “Temos de manter a disciplina, as casas bem arejadas e cumprir com as regras de isolamento e higiene recomendadas.”
Entretanto, a região Norte do país continua a ser a que mais propensa à pandemia. É lá que se registam mais de metade dos casos (825). Em Lisboa
são há 534; na região Centro 180; no Algarve 35; na Madeira 7; no Alentejo 5 e nos Açores 4.