“Acabem já com o campeonato”
O apelo é de Carlos Correia, líder do clube da Série A do CdP, para atenuar o impacto financeiro provocado pela paragem da competição
A proposta do dirigente prevê uma série de preocupações que abrangem a condição física dos jogadores ao retomarem a competição, após longo tempo de treinos em casa. E ainda há despesas a pagar
Carlos Correia, presidente do Mirandela, defende que a FPF devia terminar já o Campeonato de Portugal. A suspensão por tempo indeterminado da competição, por força da pandemia Covid-19, levanta uma séries de problemas, sobretudo de caráter financeiro e que podem hipotecar a sustentabilidade dos clubes que militam numa prova que não é profissional. “Se calhar muitos clubes vão desistir, porque não vão aguentar esta crise”, disse O JOGO, revelando em seguida ter “apoio do Pedras Salgada e do Bragança” nesta sua proposta.
A resolução agora do campeonato poderá atenuar o impacto nas despesas mensais e no pagamento de ordenados. “Temos tudo em dia, tanto que pagámos o mês de fevereiro uma semana antes disto tudo acontecer. Os clubes vão pagar estes dois meses como, se não há receitas?”, alerta e revela que ontem recebeu “a conta de dois mil euros de hotel” onde têm estado hospedados alguns dos jogadores. “A sorte é que nove já foram para o Brasil, se não onde iriam comer? Está tudo fechado em Mirandela”, acrescentou. Mas não são só razões de ordem material que o preocupam, pois “um jogador pára três meses e, por muito que treine em casa ou no quintal, não está em condições para jogar passados 15 dias”.
A linha de crédito disponibilizada pela federação constitui um apoio possível, mas que, no entender de Carlos Correia, não resolve tudo e ainda levanta uma questão pertinente: “Acho que não vai fazer grande diferença pois quem tem dívidas se calhar não recebe nada. Nós, por exemplo, devemos taxas de jogos, às tantas o dinheiro fica lá para abater”. Além disso, reforça, “um milhão para tantos clubes não deve dar muito”.
Carlos Correia está firme na ideia de que “o melhor seria acabar já o campeonato e dar indicações aos clubes para começarem a preparar a próxima época”. E propõe um modelo competitivo: “Começar em julho ou agosto, com as mesmas séries e clubes, e não haveria descidas. Na questão da fase de subida podiam fazer um play-off já que seria rápido, pois são menos equipas. Em vez de 16 seriam 18 equipas”. O dirigente prevê “muitas dificuldades no futuro”, mesmo com o retomar da normalidade. “Como é que vamos arranjar patrocínios, quando todas as empresas e restaurantes estão a abraços com dificuldades?”