O Jogo

“Joguei pelo país frente aos melhores do mundo”

Pedro Martins, olímpico em Londres’12 e no Rio’16, deixou a modalidade e confessa alguma saturação. Mas terminou 24 anos de dedicação com orgulho

- HÉLIO NASCIMENTO

Ter competido em dois Jogos Olímpicos e contribuíd­o para o desenvolvi­mento do badminton fazem do algarvio um atleta realizado. Parou há um mês e diz ser tempo de se dedicar mais à família

Realizado e amplamente satisfeito com o seu percurso de exceção no badminton, Pedro Martins disse adeus à modalidade e pendurou a raqueta e o volante. O atleta olímpico tomou a decisão no mês passado e é sem mágoa que assume o ponto final numa carreira de 24 anos – começou aos seis e tem agora 30. “A decisão foi simples. Onde cheguei, aquilo que atingi…foi tudo concretiza­do. Acho que dei um bom contributo ao badminton e agora chegou a minha hora”, diz Pedro a O JOGO, assumindo que “o nível já não era o de outros tempos e as condições de treino também não eram as melhores”. Sem rodeios, fala em “alguma saturação”, porque a alta competição “exige muito e manter o nível durante anos a fio torna-se complicado”.

Pedro Martins trabalha agora num ginásio, dá treinos e aulas de psicomotri­cidade a crianças de tenra idade, mas está totalmente desligado do badminton, dedicando mais tempo à família e ao filho de apenas três anos. “Tento evitar os contactos com a modalidade, que vive num meio pequeno, cheio de problemas. E é pena que não se desenvolva mais, que as autarquias não apoiem os clubes formadores e prefiram apostar em quem vem de fora. Por isso, há muitos atletas que desistem”, lamenta o ex-jogador do Argovia, o clube suíço onde atuou nos últimos quatro anos.

Pedro Martins é algarvio e em Portugal represento­u sempre o Che Lagoense, uma coletivida­de do Parchal (Lagoa), ao serviço da qual conquistou tudo a nível interno. As presenças nos Jogos Olímpicos de 2012 (Londres) e 2016 (Rio de Janeiro) foram, obviamente, o ponto mais alto da carreira.

“É o sonho de qualquer um, estar lado a lado com os melhores do mundo e representa­r o nosso país. É um orgulho enorme e isso ninguém me tira”, exclama, com felicidade, lembrando que uma qualificaç­ão no badminton para os Jogos Olímpicos obriga a “estar entre os primeiros do ranking durante meses consecutiv­os”, ou seja, é indispensá­vel manter um nível sempre alto. “Ajudei a modalidade a crescer e acho que valeu a pena todo o sacrifício. A experiênci­a de vida que adquiri e as pessoas espetacula­res que conheci são das coisas mais importante­s que transporto comigo”, garantiu Pedro Martins.

“Tento evitar os contactos. A modalidade é um meio pequeno, cheio de problemas. Por isso muitos desistem”

Pedro Martins

Atleta olímpico de badminton

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Pedro Martins numa selfie de atletas olímpicos

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