O MEU BALANÇO Uma quinzena de notícias
As férias permitiram-me olhar para o fim da Liga com outro distanciamento. Algumas notas neste regresso ao trabalho (e a começar pelas novidades de ontem):
A descontinuação dos chamados “programas de painelistas” por parte da SIC é uma medida arriscada do ponto de vista das audiências, mas exemplar do da sanidade do sound bite futebolístico. Talvez alguns comentadores sejam reconvertíveis. O modelo, esse, só incita ao clubismo primário e, quando não ao ódio, pelo menos à raiva. Precisamos de um debate em que uma pessoa possam aceitar um penálti contra o clube de que gosta ou dar os parabéns ao adversário. A minha esperança é que algum do trabalho que vem sendo desenvolvido, por exemplo, no canal 11 – pese o seu acesso privilegiado às fontes – possa rebocar uma nova a discussão.
No fim, ficou tudo certo: o FC Porto garantiu o campeonato, o Braga a Liga Europa, o Rio Ave as qualificações, o Tondela e o V. Setúbal a permanência. Mas é o primeiro ano, em muito tempo, que quase todos os derrotados directos – isto é, excepto o Benfica – merecem um aplauso pela luta final. A maior lição vai para o Sporting: Rúben Amorim talvez não devesse dizer-se feliz da vida, mas o facto é que tem um plantel pouco menos do que miserável.
Os feitos dos portugueses lá fora – títulos, recordes, milagres – voltam a acumular-se, com inevitável destaque para Ronaldo (que mais argumentar?) e Bruno Fernandes (que levou em ombros o Manchester à Champions). Por um lado, é um alívio a defesa do título europeu ter sido adiada: como é que todos estes jogadores iam encontrar forças para manter o pico de forma durante mais um mês?
O regresso de Jesus a Portugal é uma boa notícia. Jesus é divertido, pantomineiro, competitivo. Mas a sua missão não vai ser canja – desengane-se quem o esperar.