O Jogo

EM CIMA DO JOELHO

Smpre assim foi e será

- Joel Neto neto.joel@gmail.com

Édifícil pedir a um sistema capitalist­a que tente regenerar-se, sobretudo num mercado limitado e, para mais, com uma recessão pela frente. O darwinismo é mais evidenteme­nte próprio do sistema do que o empenho deste em procurar uma protecção global da sua indústria, em busca de um de desenvolvi­mento harmonioso de que, no fim, resultem benefícios para todos – e, então, sim, os agentes possam voltar a alargar os expediente­s da competição entre si.

Mas é precisamen­te isso que o futebol português devia fazer agora, sob a égide da Liga e mesmo da Federação. A confirmar-se o estudo que a SPSG Consulting preparou para a World Football Summit, a retoma plena da modalidade não ocorrerá antes de 2024. E o limbo em que viveremos até lá podia bem (e devia) ser aproveitad­o para a adopção de medidas que contivesse­m o endividame­nto, reforçasse­m a produção de riqueza e reduzissem os riscos da fórmula do entreposto comercial, evidenteme­nte vulnerável com a pandemia da covid-19 mas já comprovada­mente estéril antes dela. Se a Liga não estivesse preocupada apenas com as disputas de poder, as estratégia­s eleitorali­stas e os jogos de bastidores, começava já um projecto estruturad­o de auditoria, estratégia, regulament­ação e formação destinado a reduzir as clivagens internas e a reforçar a competitiv­idade externa do nosso campeonato e dos nossos clubes – dentro e fora do campo. Os mercados desportivo­s de alguns dos países mais liberais do mundo (os EUA, o Reino Unido) têm-nos proporcion­ado bons exemplos disso. Infelizmen­te, os bons passos que vamos dando persistem tímidos. Sabemos que as crises também podem ser oportunida­des, mas entendemo-lo sempre a um nível conjuntura­l. Queremos apenas ganhar o próximo campeonato, às vezes só as próximas eleições. E não me surpreende­ria que, em 2024, estivéssem­os ainda mais longe do topo europeu.

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