O Jogo

O último jogo de Rúben Dias com o manto sagrado?

- Jacinto Lucas Pires

D e uma coisa não nos podemos queixar, caros amigos: falta de aviso. Os deuses da bola não se cansam de mandar sinais cá para baixo. Com o PAOK, quem nos marcou o último golo, aquele que nos atirou definitiva­mente para fora da Liga dos Campeões? Andrija Zivkovic, o talento da Sérvia que acabara de ser despedido do Benfica. Agora, com o Moreirense — quando os jornais nos avisam que Rúben Dias será vendido ao Manchester City, num negócio que inclui Otamendi (esse mesmo) como contrapart­ida —, quem é que marca o golo que lança a vitória? Rúben Dias, claro. Se alguém tivesse escrito isto numa história, seria forçado, seria demais, não é verdade? E, no entanto, tratando-se da realidade, estes sinais batem forte. Não é ser superstici­oso, é que o futebol faz-se de mistério — e os científico-positivist­as que não percebem isto, não percebem o essencial da bola. Podem saber muito de estatístic­as, de teoria da tática e de transições “XPTO”, mas não percebem o coração da coisa. Sinais destes, meus senhores, valem mais do que escrever “fim de ciclo” mil vezes nas colunas dos comentário­s desportivo­s.

A acreditar nas notícias, Luís Filipe Vieira prepara-se para vender o único titular que restava da formação, o único jogador do Benfica que faz parte do onze da seleção nacional. Como é possível termos chegado aqui? Estaremos condenados a sofrer estes “vaipes” de um presidente acossado e ziguezague­ante até quando? Depois de tanto paleio sobre a maravilha do Seixal e as joias da formação, afinal vendemos as joias e os dedos. Afinal, a “lógica” que presidiu à venda de Bernardo Silva continua a funcionar… E não é só Rúben Dias. Florentino também já foi emprestado, Tomás Tavares vai ser, e já se fala da venda de Ferro… É isto que queremos, caros amigos, que o Benfica seja um viveiro de outros clubes? Que seja uma fábrica de talentos que outros aproveitar­ão?

De resto, o jogo com o Moreirense correu normalment­e, digamos assim. O Benfica jogou a atacar, a atacar. Criou jogadas espertas e várias oportunida­des de golo, mas ainda falta muito entrosamen­to. Darwin Nuñez deu, pela primeira vez, um ar da sua graça: uma bela arrancada e um bom passe para a chuteira pontual do suíço Seferovic fazer o segundo golo. É um jogador (o uruguaio) ainda fora de personagem, dá ideia. Por vezes, ainda antes de receber a bola, parece amuado — como se acreditass­e que alguma vai correr mal. O que, claro, por si só, é meio caminho para que, sim, alguma coisa corra mal. Talvez este meio-golo que partilhou com Seferovic lhe solte o espírito para as próximas partidas. Ou talvez, seguindo a tal “lógica” anti-Seixal, a direção se lembre de vender Gonçalo Ramos para ir buscar um outro “nome” que ajude o uruguaio a ganhar espaços e confiança…

Declaração de interesses Como saberá quem me costuma ler neste espaço, penso pela própria cabeça e falo em meu nome. De qualquer modo, aqui fica a minha declaração de interesses: nas eleições do Benfica, apoio João Noronha Lopes.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal