O Jogo

UM MUNDIAL A MEIO DAÉPOCA

CICLISMO Imola recebe hoje uma corrida que por sinal manteve a data, mas num ano todo alterado. Até os favoritos são diferentes

- CARLOS FLÓRIDO

Portugal tem Rui Costa a líder e Rúben Guerreiro como alternativ­a, mas as apostas são no fenómeno Wout Van Aert, ao ponto de se desvaloriz­ar o “Dream Team”: Pogacar e Roglic juntos pela Eslovénia

Ninguém diria, mas o Campeonato do Mundo de Estrada que hoje se realiza, uma semana depois de terminar a Volta a França e no mesmo dia em que arranca em Fafe a Volta a Portugal, é um dos raros grandes acontecime­ntos desportivo­s do ano a manter as datas. Mas praticamen­te só conserva o dia, pois a sua sede mudou da cidade suíça de Aigle para a italiana de Imola – tendo pelo meio surgido Doha, no Catar, como hipótese –, a habitual semana de corridas reduziu-se a três dias e apenas para o escalão de elite, as regras sanitárias ditamleise­nemocampeã­oem título, o dinamarquê­s Mads Pedersen, vai alinhar. Talvez reste outra tradição, essa bem portuguesa: Rui Costa corre pela décima vez e novamente como candidato ao top 10, embora não estando entre os favoritos ao título.

Sendo na sua data habitual, e a apenas 110 quilómetro­s da cidade italiana onde Portugal obteve o maior êxito da sua história no ciclismo – Rui Costa foi campeão mundial em

Florença, em 2013 –, este Mundial soa a estranho por não ser a habitual festa de final de época. Com o ano totalmente alterado, ainda se vão disputar a Volta a Itália (início a 3 de outubro), Volta a Espanha (20 outubro) e quatro das cinco clássicas Monumento.

Até nos nomes dos favoritos a corrida soa a diferente. A liderar as apostas está o belga Wout Van Aert, um fenómeno vindo dociclocro­sse,ondefoitri­campeão mundial entre 2016 e 2018, para esta época, e aos 26 anos, ganhar a Strade Bianchi, a Milão-Sanremo e duas etapas ao sprint na Volta a França, onde ainda ajudou Primoz Roglic a levar a camisola amarela nas montanhas. Completo como raramente se viu, é bicampeão belga de contrarrel­ógio e anteontem foi segundo no Mundial da especialid­ade. Ao conjugar dotes de velocista e de trepador – teoricamen­te umacontrad­ição–,asduascurt­as subidas a superar por nove vezes, no traçado de 28,8 km em Imola, ambas com 2800 metros,parecemper­feitaspara eliminar sprinters e o deixarem sem opositores.

As qualidades e boa forma de Van Aert, que o colocam acima de dois outros corredores com algumas semelhança­s, o francês Julian Alaphilipp­e e o dinamarquê­s Jakob Fuglsang, deixam na sombra aquela que

Com final na pista de Imola, o Mundial terá nove voltas a um circuito de 28,8 km (total de 258,2 km), entre 8h55 e 15h22

aparenta ser uma equipa de sonho, a da Eslovénia, com Tadej Pogacar e Primoz Roglic. Os doisprimei­rosdoToura­linham hoje com a mesma camisola. “A minha cabeça andou por todolado,masachoque­estarei pronto para correr”, diz Pogacar, o espantoso vencedor da maior corrida do ano, que gostaria de ver... o compatriot­a campeão do mundo. “Seria um conto de fadas, mas esta é uma corrida dura, diferente da Volta a França, e pode transforma­rse num resto do mundo contra a Eslovénia”, alerta o jovem. “Esperoesta­rnomeumelh­or”, responde Roglic, chamando a atenção para um facto curioso: a sua equipa, Jumbo-Visma, perdeu a Volta a França mas além dele faz alinhar Van Aert, Sepp Kuss (EUA), Tom Dumoulin (Holanda) e George Bennett (Nova Zelândia), todos na lista de candidatos ao título. Os derrotados do Tour tinham mesmo uma super equipa!

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