“Nada paga o que estoua sentir”
O plantel do Leixões ganhou um guarda-redes com quatro Ligas Europa, uma Liga das Nações e sete troféus conquistados em Portugal. Beto está de volta a Matosinhos, pela família e pela gratidão
Passaram-se onze anos desde que o Leixões transferiu Beto para o FC Porto. O guarda-redes colecionou títulos por onde jogou, tornou-se presença assídua na Seleção Nacional, mas aos 38 anos sentiu que a família precisava dele em Portugal. O regresso fez-se pela porta dos matosinhenses e o dinheiro nem entrou na equação. Explicações à parte, Beto terminou a entrevista garantindo: “Estou
feliz”.
Como é que se proporcionou este regresso ao Leixões?
—Para mim fazia todo o sentido, nesta fase da minha vida pessoal, regressar à cidade e a um clube que me diz muito, que foi bastante importante para mim e onde eu posso conjugar vários fatores que têm feito muita falta na minha vida, ou seja, a parte familiar, todo o sentimento e agradecimento que tenho para com o Leixões.
Pensa terminar na carreira no clube?
—Não sei se vou terminar a carreira aqui, só sei que dei o passo que achava que devia darnestemomento.Paramim e para a minha família faz sentido voltar ao Leixões e a Matosinhos
neste momento, se vou terminar aqui ou não? Não penso nisso. Penso nos dois anos de contrato que tenho com o Leixões.
O dinheiro ficou num plano secundário ao vir para o Leixões? Tinha ofertas da Arábia e a possibilidade de ficar no Goztepe (Turquia)...
—A parte financeira obviamente que é importante, mas felizmente consegui estruturar muito bem a minha família. Sempre tive uma boa educação para fazer uma gestão rigorosa dos meus recursos. Quanto à componente económica, simplesmente não pensei nela. Pensei na minha parte familiar, caso contrário tinha ido para a Arábia ou tinha ficado na Turquia. Se continuasse na Turquia ou se tivesse ido para a Arábia, ia ganhar muito dinheiro, mas não estaria feliz. O meu filho precisa muito que eu esteja aqui nesta fase da minha vida.
Quando é que o telefone tocou e o que é que pensou quando soube que o Leixões estava a tentar o seu regresso?
—Foiumsonhoqueaspessoas
do clube tiveram, na cabeça deles acharam, e bem, que era possível, na parte teórica seria algo impensável, mas posso também contar que a minha esposatinhasecretamentepedido que nesta fase eu fosse para perto do meu filho, para que se pudesse juntar toda a família. Assim que eu falei com a minha esposa e que tinha surgido esta oportunidade, não tem preço aquilo que eu vi. Resumindo: foi a conjugação de dois sonhos e a partir daqui podem abrir-se novas portas para que outros clubes pensem que não é impossível que jogadores portugueses possam jogar em Portugal.
O dia em que assinou pela primeira vez pelo Leixões foi o dia em que o seu pai faleceu. Essa recordação esteve muito presente na hora do regresso?
—Obviamente que sim. Prefiro não falar muito disso, porque já falei as vezes que tinha a falar. Mas obviamente que me recordo, nessa altura a minha carreira reergueu-se, mas perdi a pessoa mais importante da minha vida. As experiências marcam-nos, moldamnos e eu sou um produto de todas as experiências que passei.
Por estes dias que passeia por Matosinhos, os adeptos deixam-no sossegado?
—É difícil, sinto a alegria e o agradecimento por parte dos adeptos.Nestemomento,não trocava nenhum contrato por isto que estou a sentir. Portanto, estou feliz.
“Não sei se vou terminar a carreira aqui, sei que dei o passo que devia dar neste momento”
Beto Guarda-redes do Leixões