A Comunicação
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A comunicação em Alvalade continua a ser um desastre. Desastre pela falta de jeito de alguns dos protagonistas, mas sobretudo um desastre pela total ausência de estratégia comunicacional. Em Alvalade comunica-se mal e de forma reativa. Andamos sempre a correr atrás do prejuízo, em prejuízo do clube, da sua credibilidade e do relacionamento entre o clube e seus adeptos.
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São múltiplos os exemplos do que acabo de dizer, desde o assunto Rúben Amorim, os casos de covid-19 no plantel profissional ou as assembleias gerais que estão à porta. Sobre este tema, soube-se esta semana que o formato das assembleias gerais – sem período de discussão – foi uma imposição da DGS, a qual não autorizou o ajuntamento de sócios no pavilhão João Rocha. Se assim foi, caberia a Rogério Alves usar os diversos meios de comunicação ao seu dispor para informar os sócios e adeptos do clube. Como lhe caberia fazer um ponto da situação sobre a votação dos diversos projetos e propostas de reforma estatutária, a começar pela introdução do ivoting – continuamos à espera que seja divulgada a composição do grupo de trabalho, suas conclusões e entidades consultadas –, o projeto da autoria de Miguel Poiares Maduro ou a votação de uma alteração ao artigo 49º dos Estatutos, com a introdução de uma segunda volta eleitoral caso a lista mais votada não tenha obtido a maioria absoluta dos votos.
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Em relação a esta matéria, gostaria de anunciar que nas próximas semanas irei iniciar a recolha de assinaturas – os 1000 votos previstos na alínea c) do n.º 1 do artigo 51º dos Estatutos – para promover uma AG extraordinária destinada precisamente a votar esta alteração estatutária (introdução da segunda volta), isto, no cenário do Presidente da MAG não determinar a realização de uma AG extraordinária para precisamente colocar este tema à apreciação dos sócios. Trata-se de um tema relevante para o futuro do clube e para a legitimação reforçada dos próximos órgãos sociais. A estabilidade é um valor fundamental para o sucesso de qualquer organização e entendo ser obrigação de todos os sócios criarem as condições para a governabilidade do clube. E o tema é tanto mais relevante quanto o número de protocandidatos que se perfilam nos bastidores de Alvalade para as próximas eleições. Aliás, são tantos os candidatos que julgo que o autocarro da equipa profissional de futebol não chegaria para os transportar. O risco de fragmentação é efetivo e importa minimizar o risco de termos um presidente com pouco mais de 20% dos votos. Cabe a Frederico Varandas e outros que já se pronunciaram contra esta alteração que venham a terreiro explicar as suas verdadeiras intenções ou se porventura a sua estratégia passa por dividir para reinar.
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A equipa do Sporting venceu o seu primeiro jogo oficial. É bom ver a juventude da equipa e o potencial que está ali e que precisa de ser trabalhado. Parece, igualmente, que o Sporting comprou mais um jovem, Tabata, internacional olímpico brasileiro. Pode ser um bom reforço, mas a equipa precisa de um ponta de lança com outras características e talvez um central. Esperarei pelo final do mercado para me pronunciar. A equipa tem margem de crescimento, mas parece faltar alguma imprevisibilidade tática. Aguardemos e apoiemos estes jovens numa equipa construída, e bem, maioritariamente a partir do mercado português.
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Acabo de ler que um sócio do clube foi agredido durante a AG do clube. Seja qual for a versão dos factos, é inaceitável este tipo de comportamento. Seja quem for e seja ele apoiante destes órgãos sociais ou não, é um sportinguista, um sócio e merece ser respeitado como tal, como membro da família leonina. Quem não aceitar estes princípios – da sã convivência, da divergência salutar de opiniões, da diversidade – não pode ter espaço no Sporting CP. Todos aqueles que contribuem para este crispar de posições, pela aposta na divisão e fracionamento da massa associativa deviam corar de vergonha. Não há bons e maus sportinguistas, há é uns quantos que apostam na sua sobrevivência à custa deste clima.
Nota final. Na Luz está a destruir-se um projeto alavancado na formação e valorização de jovens, que perderam seu espaço no plantel. É tempo de nos reafirmarmos de novo como a grande referência nacional na formação de grandes talentos.
Em Alvalade comunica-se mal e de forma reativa. Andamos sempre a correr atrás do prejuízo, em prejuízo do Sporting