O yankee que faz do humor um segredo para o sucesso
O general manager dos New York Yankees, a mais vitoriosa equipa do mundo, é viciado em pregar partidas... e já suscitou estudos
Dirigente faz-se passar por jornalista, usa máquinas com sons de gases para eventos públicos, mete aparelhos de choque na mão e é visto como fator tanto de união como de descompressão
Ele leva uma máquina que produz sons de flatulência para a concentração dos jogadores e também para jantares com a equipa, onde, do nada, se ouve o barulho falso de alguém a descuidar-se. Ele fazse passar por jornalista para enganar os seus próprios jogadores e staff. Ele aparece sempre aparentemente despreocupado, de t-shirt, calções e havaianas, no centro de treinos da equipa na pré-época. Ele oferece raspadinhas falsas com prémios chorudos a atletas e empregados; mete aparelhos de choque na mão quandocumprimenta alguém; imita dirigentes de outras equipas ao telefone para enganar jornalistas com falsas notícias (que impede sempre que sejam entretanto publicadas), o que também faz com outros jogadores e treinadores da sua própria equipa com falsos convites e propostas. Tudo numa vida feita de humor e incansável vontade de pregar partidas, que acaba por funcionar como combustível para o êxito. Ele é Brian Cashman, nada menos do que o general manager dos New York Yankees, a mais conhecida e bem-sucedida equipa de basebol à escala planetária. O dirigente é agora o “poster boy” do quanto o humor pode atenuar níveis de pressão e ajudar uma organização todos os dias sujeita a uma exigência brutal.
Tão adorado quanto respeitado, numa conjugação difícil, Cashman tem sido importante para os Yankees na luta contra a pandemia. “Para mim, cada dia é um dia importante. Cada dia é um dia para me divertir. Gosto sempre de levar isso para o trabalho”, declarou Cashman, de 53 anos, ao “The New York Times” recentemente. A verdade é que não é tudo “fun and games”, como dizem os norte-americanos. Ao lado do dono dos Yankees, Hal Steinbrenner, Cashman levou a equipa do Bronx a quatro títulos da Major League, 19 presenças no play-off e um total de 2131 vitórias na época regular.
No Yankee Stadium, a questão é consensual, desde o mais humilde empregado da organização até ao quadro mais valioso: o estilo incansavelmente brincalhão de Cashman é um fator de união, equilíbrio. Sem prejuízo da competência, tem um humor que salva o mais negro dos cenários. Mesmo durante o Draft anual, um dos eventos mais stressantes do cenário desportivo mundial, Cashman gosta de aliviar a pressão... e uma vez levou a máquina de flatulência para perto de Damon Oppenheimer, vicepresidente dos Yankees responsável pelo scouting. Mas há mais:Cashmanad ora quandoé ele próprio vítima de partidas de anteriores alvos seus. É todo um jogo e a questão já entra no foro científico.
Estudo científico vê o humor como ferramenta
Um recente e aprofundado estudo levado a cabo pela Escola de Ciências Desportivas de Oslo dedicou-se ao papel do humor num contexto de alta competição desportiva, a partir das suas capacidades multifuncionais e também possibilidades num meio fortemente marcado, ainda, por componentes emocionais e financeiras. A conclusão foi clara: quer em dinâmicas de grupo, quer em gestão de toda uma organização, quer até em metodologias do treino, o humor é um fator de equilíbrio, de libertação, o qual, não sendo suficiente por si só para alcançar objetivos, é uma ferramenta indispensável.
Se o humor resulta em Nova Iorque... pode resultar em qualquer lado.