O Jogo

JOÃO REGRESSA EM FORÇA

Camisola rosa responde às dificuldad­es em Piancavall­o e volta do descanso a tirar dois segundos aos rivais, num ataque inesperado nos metros finais

- FREDERICO BÁRTOLO

Líder do Giro fugiu mais dois segundos aos perseguido­res num final de etapa surpresa

Nibali (Trek) desferiu o primeiro esboço, mas o português respondeu à altura e surpreende­u, ampliando para 17s a vantagem sobre Kelderman. Guerreiro segue na luta pela montanha

Superadas seis contagens de montanha, cinco de terceira categoria, o pelotão poupou-se na etapa 16 da Volta a Itália, de 226 km, pois sabe das três tiradas duríssimas que faltam. Quando a Deceuninck passou na frente na última ascensão, João Almeida mostrava-se bem, mas ninguém calculou ataques, tendo já a etapa sido entregue à fuga há 12 minutos. Vincenzo Nibali (Trek), porém, pensou diferente: estando a 3m29s da rosa, talvez achasse que podia ter espaço e acelerou. Só que o menino de A dos Francos, de 22 anos, não se deixou afetar, seguiu o tubarão de Messina e, quando viu dificuldad­es nos restantes, cavou uma diferença nos últimos mil metros. Aproveitou uma ligeira acentuação na aproximaçã­o à meta, tirou dois segundos de diferença para todos e Kelderman, agora a 17s na geral, segurou-se à roda de Hindley para não perder mais tempo.

João sofrera no último dia de montanha e voltou do descanso a alto nível, um dia sempre difícil para quem anda nas Grandes Voltas. “Estava a sentir-me bem e, às vezes, a melhor defesa é o ataque. Sentime bem e tentei... porque não?!”, explicou após alargar a liderançad­acamisolar­osa, que tem no corpo há 14 etapas, superando Simon Yates no lote dos ciclistas em atividade com mais dias de líder no Giro.

A dureza das montanhas da terceira semana começa hoje (ver caixa). João arrisca gastar força em sprints, mas isso tem conquistad­o fãs. O caldense sabe que mais um dia como líder o faz igualar os 15 que Contador comandou a prova em 2015. Algo que, neste século, só o espanhol conseguiu, e não de modo consecutiv­o. “Isto é cada vez mais um jogo mental e, às vezes, a mente é mais importante do que o físico. Não posso ganhar mais confiança do que a que tenho neste momento. Estou confiante, mas estou pronto para o pior”, disse, precavido, o atleta da Deceuninck, que nos três finais em alto mais duros até aqui cedeu sempre tempo para Kelderman. O holandês não mostra preocupaçã­o: “Estes dois segundos perdidos não vão fazer diferença.”

Rúben continua na luta pela montanha, apesar do azar. A fuga do dia teve 28 escapados.

Rúben Guerreiro (EF), a 31 pontos da liderança de Visconti (Vini Zabù) na montanha, esteve nesse grupo. E o homem do Montijo discutiu três subidas, passando à frente em duas, mas um problema mecânico afastou-o em Monteapert­a e Visconti limitou danos: o italiano conserva 30 pontos sobre o português. Da fuga saiu ainda a vitória: Tratnik (Bahrain) andou 40 km sozinho, Ben O’Connor (NTT) ainda o alcançou, mas foi o esloveno a dar sequência ao êxito do país no Tour (1.º e 2.º): “Deu-me força estar a correr na fronteira do meu país e ataquei quando vi a minha namorada.”

JOÃO ALMEIDA “Isto é cada vez mais um jogo mental. A mente é mais importante do que o físico”

“Não posso ganhar mais confiança do que a que tenho neste momento. Estou preparado para o pior”

“Estava a sentir-me bem e ataquei. Às vezes, a melhor defesa é o ataque. Porque não fazê-lo?!”

“Tem sido tudo uma loucura. Agradeço à equipa e vou tentar aguentar a camisola até final”

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