O Jogo

“TEMOS DE MATAR AS OCASIÕES”

Antigo avançado do Sporting e membro do scouting do Lech dá favoritism­o ao Benfica e promete uma equipa a imitar... o PAOK

- Enviado especial em Poznan PEDRO MIGUEL AZEVEDO

Embora tenha amigos benfiquist­as, o antigo ponta de lança dos leões revela que, depois do sorteio, vários elementos do Sporting lhe ligaram a pedir para ganharem aos encarnados

A visita do Benfica ao Lech Poznan, agendada para esta quinta-feira à noite, está a ser encarada com uma rampa de relançamen­to do clube polaco nos grandes palcos europeus. Após quatro eliminatór­ias, o Lech conseguiu chegar à fase de grupos da Liga Europa, lugar onde não entrava há cinco épocas. O sorteio não foi o pior para esta equipa, algo que o próprio Andrezj Juskowiak assume quando fala a O JOGO do emblema que o projetou, na década de 90, para o Sporting e que hoje o recolhe nos seus quadros nas missões de scouting. O ex-avançado vê a sua equipa com potencial para causar dificuldad­es aos encarnados e até apresenta uma solução para esse sucesso: seguir o guião do PAOK, que tirou as águias do caminho da Champions.

“Sabemos que quando surgirem as nossas escassas ocasiões de ter mais bola, teremos de aproveitar o máximo do contra-ataque. Isso foi muito bem aproveitad­o pelo PAOK e é exatamente o mesmo que o Lech terá de fazer também. Não teremos cinco ou seis oportunida­des de golo, como nos acontece aqui na liga polaca, onde dominamos, por isso as duas ou três que tivermos frente ao Benfica terão de ser para matar o jogo. Não podemos ficar fechados a acreditar que iremos marcar aos 90 minutos numa bola parada...”, explica Juskowiak. E acrescenta: “Para o Lech ter alguma possibilid­ade [de ganhar], vai ter de se focar no que foi o jogo do PAOK. O Benfica é o favorito, mas o Lech está a jogar bem.”

Pela frente, as águias devem esperar uns polacos aguerridos mas, de certa forma, descontraí­dos. “Há muitos anos que o Lech tinha dificuldad­es em entrar na Liga Europa e estávamos no último pote, por isso sabíamos bem que éramos dos mais fracos no sorteio... A nossa maior alegria foi estar lá, já é uma festa, agora vamos ver. Será um prazer para nós defrontar equipas grandes, que era o que os sócios do Lech mais queriam ter aqui”, frisa. “O que se pede à equipa é que se apresente bem nos jogos, seja com o Benfica ou com os outros adversário­s. O resultado final não será o mais importante, o que interessa mesmo é que a equipa mostre bom futebol e jogue bem. O que acontecer, acontece, não temos obrigações na Liga Europa e estamos mais à vontade”, acrescenta Juskowiak.

Do Benfica, os polacos esperam um adversário forte, mas veem uma fragilidad­e... na defesa. “O Benfica tem muitos jogadores que pressionam alto, afastam a bola das zonas recuadas. Ou seja, para se marcar golos ao Benfica é preciso fazer lances exemplares, ganhar metros e surgir na área para marcar. E isso não é algo que aconteça muitas vezes. Mascon fiamos quePe dr oTiba e Ramírez, por exemplo, consigam construir jogo ofensivo a partir do nosso meio-campo. Queremos aproveitar alguns jogadores com menos velocidade deles, isso pode ser interessan­te para nós. O Benfica virá para dominar, terá mais posse, mas o Lech terá de aproveitar quando eles estiverem mais subidos, pois aí haverá espaço atrás para nós explorarmo­s”, explica Juskowiak.

Falando do Lech, Juskowiak tece elogios ao português Pedro Tiba e ao espanhol Dani Ramírez. “Essa dupla trabalha muito bem na frente eé sempre melhor quando se tem dois jogadores capazes de construir jogo ofensivo; quando só há um, fica mais fácil de marcar pelo adversário. Com Tiba e Ramírez, temos dois focos de construção ofensiva, sendo ambos rápidos, com boa técnica e que dão muitas alegrias aos sócios. Temos jogadores que conseguem jogar rápido, principalm­ente pelas alas. Nesta equipa, e da forma

como está a jogar hoje, todos os que jogam na frente têm capacidade de fazer golos, não apenas o ponta de lança.”

“Porradas” virtuais com os rivais

A passagem pelo Sporting, de 1992 a 1995, deixou amizades na vida de Juskowiak que este mantém. E, pelo meio, ainda se diverte com as trocas de bocas com rivais... encarnados. Porisso,veroseuLec­hPoznan ganhar ao Benfica vai dar um prazer especial. “Era bom, era bom .... [risos] Tenho amigos no Sporting e, quando souberam que íamos jogar contra o Benfica, ligaram-me a pedir para ganharmos. Mas é mais por piada, eu até tenho amigos benfiquist­as, não tenho problemas com a rivalidade.

O que não quer dizer que, antes e durante o jogo, a gente não vá trocando entre nós umas mensagens a picar, dar umas porradas nas palavras [risos].”

O Lech esperava ter cerca de dez mil apoiantes, mas terá de se resignar com um estádio vazio. “O nosso público ajuda muito e, numa situação normal, teríamos os bilhetes todos vendidos em poucas horas.” Mas a situação está “complicada”. “Em março houve algum cuidado, mas depois vieram as férias e as pessoas passaram a ter menos cuidados. Os próprios políticos também nem sempre dão o melhor exemplo, aparecem muito em público sem máscara, etc.”, aponta Juskowiak.

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Certeza: Tiba é o motor do Lech e um dos jogadores mais determinan­tes da equipa
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