O Jogo

DRAGÃO EM SEGURANÇA DO INÍCIO ÀS 100

Um erro grego a abrir e um excelente momento a fechar garantiram uma vitória histórica, que assentou, essencialm­ente, numa travessia serena, à prova de erros

- Textos ANDRÉ MORAIS

Sérgio Conceição inovou outra vez e fez a diferença. Posicionam­ento de Sérgio Oliveira foi decisivo, mas a consistênc­ia da equipa e o ritmo mais baixo do que é habitual não foram menos importante­s

O Dragão voltou a fazer-se ouvir, ainda que timidament­e, e os 2450 corajosos adeptos que enfrentara­m a pandemia e a chuva acabaram por conseguir festejar, em segurança, o 100.º triunfo do FC Porto na Liga dos Campeões/Taça dos Campeões Europeus. A marca era uma inevitabil­idade, mas aos dragões terá sabido especialme­nte bem ontem: o Olympiacos tinha ganho na primeira jornada, é um adversário direto e apresentou-se no Porto com folga de uma semana contra o ciclo infernal que os dragões vivem e pelo qual continuarã­o a passar (sexta há novo jogo, agora em Paços de Ferreira). Do apito inicial às 100, a viagem acabou por ser serena que baste, essencialm­ente graças ao golo madrugador de Fábio Vieira, mas com muito mérito do FC Porto a manter o ritmo do jogo ao nível que mais lhe convinha, quase sempre abaixo daquilo a que é normal. Notou-se em Zaidu, Corona e Otávio, essencialm­ente, mas também em Fábio Vieira e até Marega. Os primeiros muito menos explosivos, Fábio a preferir ter bola do que soltá-la rapidament­e, Marega a procurar as costas dos gregos em menos ocasiões, mas com mais critério. Foi sempre muito perigoso e, na última vez que o conseguiu, ofereceu o segundo golo. Já lá vamos.

Como dissemos, o golo de Fábio Vieira fez toda a diferença. Ninguém saberia como poderia ser o jogo se Bouchalaki­s não tivesse cometido um disparate tão grave logo aos 11 minutos, mas isso não é relevante para o caso. O FC Porto tentou pressionar, forçou o erro, assumiu a vantagem e fez dela a maior arma para se superioriz­ar ao Olympiacos. Sem Luis Díaz e com um meiocampo muito mais denso e coeso do que tem sido normal, os azuis e brancos souberam controlar com e sem bola. Graças, essencialm­ente, a Sérgio Oliveira e a um meio-campo aparenteme­nte invertido mas sempre virado para a direção certa. Uribe e Fábio Vieira foram, desta feita, os médios mais defensivos. Sérgio marcou os tempo, ora na pressão, ora nas saídas rápida, ora a jogar atrás da linha de M’Vila e Bouchalaki­s que, invariavel­mente, se retraiam. Sem bola, o FC Porto foi sagaz a fechar os espaços centrais e a obrigar, quase sempre, o Olympiacos a procurar as alas. Sem laterais com profundida­de nem extremos a forçar a criativida­de, os gregos acabaram por ver morrer no ar praticamen­te todos os ensejos de que dispuseram. Pepe e Mbemba foram, a esse nível, insuperáve­is para El Arabi. E quando Zaidu falhou, Marchesín apareceu e Mbemba deu uma ajuda. Com bola, o FC Porto assumiu um ritmo mais lento, um circulação de bola mais cuidadosa, e mudanças de flanco mais frequentes, apesar de só à direita ter conseguido invadir a área adversária. E fê-lo vezes suficiente­s para justificar o segundo golo mais cedo. Marega isolou-se duas vezes, mas decidiu mal em ambas as ocasiões.

O Olympiacos não se dispôs a mudar (sempre troca por troca), Conceição aceitou a proposta de Pedro Martins e o jogo seguiu, seguiu e seguiu.. Aqui e ali, um ou outro cruzamento melhor medido do Olympiacos ameaçava a segurança instalada, mas

Marchesín só viria a ter problemas já o jogo estava ganho. Pelo contrário, o treinador do FC Porto reforçou a equipa com capacidade física sem nunca a desvirtuar. Grujic e Otávio, por exemplo, deram um contributo tremendo para manter o meiocampo à tona do desespero final em que o Olympiacos se afogava. E Nakajima agitou quando Corona já não o conseguia fazer. Acaso ou não, o FC Porto terminou com mais quatro quilómetro­s percorrido­s do que o adversário. O Olympiacos, recorde-se, teve a semana toda para preparar o desafio. Já perto do fim, Nakajima lançou Marega novamente nas costas da defesa grega e, à terceira, o maliano sacou um excelente cruzamento e Sérgio Oliveira, de rompante, matou o jogo. Foi quem mais o mereceu, pelo que jogou e pelo que, simbolicam­ente, acabou por representa­r.

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