VOTO ELETRÓNICO DEIXA ELEIÇÕES EM POLVOROSA
Depois de inúmeros ataques entre Vieira, Noronha Lopes e Gomes da Silva, o último “round” antes do ato eleitoral de hoje relacionou-se com dúvidas sobre contagem da votação final
Movimento “Servir o Benfica” levantou a questão e os candidatos alinharam-se a questionar o processo e a segurança de um sistema que não será auditado desde 2006. E até Rui Pinto atacou Vieira
Os sócios do Benfica são hoje chamados a escolher quem será o seu presidente nos próximos quatro anos, tendo desta vez três possibilidades: Luís Filipe Vieira, que já garantiu que fará o seu último mandato caso seja eleito, João Noronha Lopes e Rui Gomes da Silva, ambos já com passagens pela vice-presidência encarnada. Numa campanha marcada pela não realização de debates e ocorrência de inúmeros casos, cerraram-se fileiras nas últimas horas pela batalha final: o voto eletrónico e a contagem física do mesmo.
Desde há muito que os rivais de Vieira fizeram saber as suas desconfianças sobre a votação eletrónica. Hoje, os sócios exercerão o seu voto nesse formato, mas também depositam em papel, numa urna, o mesmo. O movimento “Servir o Benfica”, de onde saiu Francisco Benitez para a lista de Noronha Lopes, revelou que “a Mesa alegou que a contagem física só terá lugar se o resultado da eleição não for expressivo para a lista vencedora”, apontando que o sistema em causa não é auditado desde 2006, segundo carta enviada aos associados no estrangeiro.
Em comunicado, Rui Gomes da Silva frisou que se corre “o risco de os resultados das eleições serem determinados por quem gere o sistema informático”, enquanto Noronha Lopes falou de “espanto”. “Para nosso espanto, as urnas vão estar nos locais de voto apenas para enfeitar. O sistema de voto apresenta vulnerabilidade a ataques informáticos e, em face disto, exigimos que as urnas sejam abertas para uma contagem do voto físico”, apontou. E no meio da troca de suspeitas, até o hacker Rui Pinto lançou uma farpa no Twitter: “De acordo com as informações vindas a público, é bastante claro que o sistema que suporta a plataforma de voto eletróni coe a forma como está estruturado propicia a fraude, entre outras questões. Eé isto o Benfica de Luís Filipe Vieira.”
É, pois, neste mar de suspeições que se vai a votos na Luz e em todos os distritos do país. Para trás ficam os ataques da oposição a Vieira à ligação excessivamente próxima com Jorge Mendes, a falta de debates ou de tempo para campanha no canal do clube e, até, o papel de Rui Costa, agora a passar de administrador a vice-presidente, caso Vieira vença as eleições. As críticas de Bernardo Silva ao atual líder também animaram os últimos dias, com Noronha Lopes e Gomes da Silva a tomarem a defesa do jogador do Manchester City. Até porque a formação e a saída recente de vários jovens também já incendiaram a oposição encarnada, muito crítica, em particular, da cedência de Tiago Dantas ao Bayern e da venda de Rúben Dias aos citizens. No meio de tantas fraturas, ficou a garantia de todos os candidatos de que a continuidade de Jorge Jesus não está em causa.