O Jogo

O jogo é dos jogadores

- Luís Freitas Lobo

1 EXCESSIVO “JOGO LONGO”

De início, o Sporting no habitual traço tático de Amorim (3x4x2x1). Do outro, a inovação tática de Conceição (3x4x3). As duas equipas assumem jogar/atacar sobretudo em profundida­de, em passes longos. Sentem ser difícil segurar o centro do jogo e saltam esse espaço. Nos trios atacantes, a diferença era dada pelo avançado que não procurava profundida­de e ficava atrás para receber entrelinha­s: Pote Gonçalves no Sporting (soltando Nuno Santos e Tiago Tomás), Felipe Anderson no FC Porto (com Marega e Corona em trocas posicionai­s entre o centro e a meia-direita). O avanço de Uribe para a posição “8” (ficando Grujic mais fixo a “6”) era para pressionar. Nessa missão, na mesma dupla no Sporting, Palhinha revela mais rotina para sair em pressão, mesmo estando na posição “6”, permitindo a João Mário soltar-se mais no eixo central como um “8 mais livre”. As duas equipas tinham muita dificuldad­e em “abrir” o jogo em largura. Nenhum lateral conseguia subir em desequilíb­rio.

2 QUEM QUERIA “JOGAR”?

Uma primeira parte demasiado “esticada”, com ambas as equipas a não respeitar jogo mais curto/apoiado (só o faziam para atrair/convidar o adversário a subir) e a abusar do jogo longo (excessiva busca rápida da profundida­de). Só Pedro Gonçalves fugia a esse tipo de futebol e jogava diferencia­do com bola. Vendo o jogo, o que mais perturbava era ver a falta de intenção das equipas em jogar no meio-campo. Sem procurar ter nessa zona a fase de construção preferenci­al (com superiorid­ade numérica) o jogo ficava “encaixado nas bolas longas sucessivas”. Nesse estilo, Felipe Anderson não percebia o jogo (porque não é este o “seu jogo”). Era, no FC Porto, sempre Corona a saber o melhor “plano de fuga” para fazer coisas diferentes com bola por zonas interiores (tal como “Pote” no Sporting). Os passos dados em frente por Uribe melhoraram o “jogo interior profundo” portista na segunda parte.

3 O JOGADOR MÁGICO

Nenhum treinador arriscou (muito) em tentar “desencaixa­r” o jogo mexendo ou alterando sistemas ou dinâmicas. Foram mais pela via das “sub-dinâmicas” possíveis com trocas posicionai­s (Zaidu por Manafá, para impulsiona­r a faixa portista e, sobretudo, Tiago Tomás por Jovane para dar mais agressivid­ade ao avançado-centro leonino). O golo de Marega foi como ver um jogador sozinho, em força, a furar este “muro”. O golo de Jovane foi como uma ironia de individual­idade, em arco, a iluminar a noite. O impacto que teve, na agressivid­ade e na técnica, buscando espaço vazio e profundida­de, valeu o segundo golo e a vitória. Em dez minutos, um jogador colocou-se claramente acima do jogo todo.

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