O Jogo

CAMPEÕES DA CALMA E DA EXPLOSÃO

COMPARAÇÃO Com estilos distintos, Jesus e Carvalhal procuram lugar na final que lhes pode dar um título que já venceram

- PEDRO MIGUEL AZEVEDO

O técnico do Benfica chega com clara superiorid­ade nas vitórias sobre o colega, quatro contra uma e, nesta competição, procura o sétimo troféu. O treinador do Braga quer repetir o seu feito na primeira edição

Carlos Carvalhal e Jorge Jesus, técnicos separados por onze anos (o do Braga tem 55, o do Benfica 66), olham-se hoje de frente num jogo que lançará um deles rumo a uma final que já conhece e que... ganhou. No caso do técnico dos bracarense­s, chegar ao embate derradeiro seria o reeditar do triunfo de 2007/08 pelo Vitória de Setúbal na edição inaugural desta Taça da Liga. Já Jorge Jesus, técnico com maiores sucessos nesta competição, tem aqui a possibilid­ade de lutar pelo seu sétimo troféu, ele que venceu cinco pelos encarnados (2009/10, 2010/11, 2011/12, 2013/14 e 2014/15) e um pelo Sporting (2017/18).

Entre Carvalhal e Jesus há um mundo de diferenças, não só em termos de percursos e de trabalho mas também de perfil e de postura. Se o atual técnico dos minhotos se mostra ao mundo como tendo uma imagem de calmaria, já o treinador das águias pode ser um furacão no banco e no balneário. “Carlos Carvalhal é mesmo calmo, uma pessoa mais tranquila e o que se vê cá fora dele é exatamente aquilo que ele é. Já Jorge Jesus é mais interventi­vo, mais explosivo. Mas isto não quer isto dizer que um é bom ou outro é mau, é o que é. Eles são diferentes em quase tudo”, conta a O JOGO Paulo Santos, ex-guardião que hoje é técnico no Belenenses e que conheceu os dois técnicos na sua carreira. Há diferenças notórias entre ambos os homens que hoje estarão nos bancos (teste à Covid-19 do treinador do Benfica, depois de ter apresentad­o sintomas, deu negativo e irá sentar-se mesmo no banco, esta noite, em Leiria) desta meia-final da Taça da Liga, tal como o histórico que têm. E, aí, Jorge Jesus começa a ganhar: venceu quatro vezes as equipas de Carlos Carvalhal, que apenas ganhou uma vez ao atual treinador do Benfica, precisamen­te na 7.ª jornada do presente campeonato por 3-2 na Luz. Antes deste que será o décimo confronto direto dos técnicos, houve ainda quatro empates.

Outro factor diferencia­l nas carreiras de Jesus e de Carvalhal quando defrontara­m os adversário­s desta noite é a taxa de sucesso, leia-se de vitórias, atingidas. Aí, é o técnico do Benfica quem melhor desempenho apresenta perante o Braga, ainda que sem supremacia­s: em 44 embates pelas várias equipas que treinou, Jesus venceu 17 (38,6%) e perdeu 16 (36,4%) enquanto que Carvalhal, em 17 choques com as águias, triunfou em três (17,6%) e perdeu em 9 (53%). Os sucessos do técnico dos bracarense­s foram, além da já referida última visita à Luz, a 31 de outubro de 2007 (2-1 Taça da Liga pelo Vitória de Setúbal e a 12 de dezembro de 2004 (4-1 pelo Belenenses na Liga).

Traumas de Jorge Jesus com duas finais a fugir

O passado recente tem vindo a equilibrar os confrontos entre Braga e Benfica e Jorge Jesus é um técnico que o tem vindo a sentir na pele. Aquele que terá sido o momento mais marcante e traumatiza­nte para o treinador das águias frente aos minhotos foi a meia-final da Liga Europa de 2010/11. Com triunfo por 2-1 na Luz e derrota em Braga por 1-0, o Benfica falhou a final europeia devido ao golo que a equipa de Domingos Paciência marcara em Lisboa. Mas não foi a única situação em que os minhotos travaram Jesus. Também numa meia-final mas desta mesma Taça da Liga, em 2013/14, o Braga de José Peseiro seguiu em frente batendo o Benfica nas grandes penalidade­s. Os nortenhos venceriam depois a sua primeira prova, batendo o FC Porto, eles que voltariam a ser campeões da Taça da Liga em 2019/20. Outra página negra para Jesus contra o Braga escreveu-se em 2015/16 quando o Sporting, que treinava então, foi superado pelos minhotos nos oitavos de final da Taça de Portugal, num 4-3 após prolongame­nto. Em contrapont­o, na meia-final da mesma competição de 2006/07, fora o Belenenses de Jesus a derrubar o Braga de Jorge Costa da final no Jamor.

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