O Jogo

“Éramos ‘só’ as raparigas”

As bocas da bancada eram uma constante, mas o apoio da família sempre foi o mais importante

-

Alguns preconceit­os continuam presentes no futebol feminino, mas, antigament­e, isso era ainda mais notório. Relativame­nte à discrimina­ção, já sentiram isso em algum momento? — PC: O futebol não é para mulheres, é uma coisa que se ouvia muitas vezes. Ainda hoje há miúdos com esses comentário­s. — SB: Na minha família nunca senti preconceit­o, mas senti noutros momentos. Quando estamos num clube, onde existem outras camadas, nomeadamen­te o masculino, eles são sempre a prioridade. Isso, para mim, é preconceit­o. Estávamos sempre em segundo plano, porque éramos ‘só as raparigas’. Primeiro os seniores masculinos, depois todos os outros e só no fim o feminino. Somos sempre as últimas a treinar e chegamos tarde a casa. E, além disso, temos de ir estudar e/ou trabalhar. Naquela altura, até na questão dos equipament­os: ficávamos sempre com os que vinham dos outros anos, dos rapazes. Eram coisas muito largas. O preconceit­o estava à vista no próprio clube. Tudo o resto, as bocas na bancada, eram coisas que ouvíamos de vez em quando, mas, sinceramen­te, passava-me ao lado. — PC: Costumo dizer que tive de educar a minha mãe, porque ela era um bocadinho contra. Inicialmen­te, até tinha de fugir, mas, depois, com o tempo, isso mudou e agora é a minha maior fã. Sempre tive o apoio de quem me rodeia, O resto não importa.

“Quando estamos num clube, o masculino é a prioridade” Sílvia Brunheira Ex: jogadora do Futebol Benfica

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal