Da amargura à euforia vai um pequeno passo
1
O final da presente época tem deixado aos adeptos do SC Braga um verdadeiro amargo de boca, um sabor azedo de “inconseguimento”, como diria Assunção Esteves, que nem mesmo a vitória de sexta-feira, frente ao Moreirense, conseguiu aliviar. Esta sensação de desconforto foi ampliada, nos “mentideiros” das redes sociais e fóruns virtuais, pelo título conseguido esta semana pelo clube de Lisboa ( e festejado pelos seus adeptos como se estivessem há 19 anos, sem resquício de pandemia), uma vez que dois dos principais rostos desse título eram, até há bem pouco tempo, funcionários do SC Braga e foram objeto de uma verdadeira OPA hostil por parte do clube da Alvalade. Alguns adeptos dispararam contra a Direção do Braga, que, no caso da saída de Rúben Amorim, nada podia fazer e, no caso de Paulinho, se limitou a aproveitar a situação para fazer um excelente negócio financeiro, pois sabemos hoje, pelas palavras de Rúben Amorim, que a pressão sobre o próprio Paulinho para se mudar para Alvalade era muito forte, pelo que manter o jogador em Braga, contra vontade deste, seria mau para todos. Esta sensação menos boa até mascara uma época que, se virmos bem as coisas, está
Dois dos principais rostos do título eram, até há pouco tempo, funcionários do Braga e foram objeto de uma verdadeira OPA hostil
muito longe de ser má: um muito confortável quarto lugar no campeonato, um percurso europeu gratificante ( e monetariamente satisfatório), a presença em duas finais, sendo que uma delas ainda se vai disputar. E, se conseguirmos vencer a final da Taça de Portugal, a sensação má deste final de época rapidamente se transforma em euforia e a época passa a ser …histórica.
2
Uma notícia estranha fez-me pensar na bipolaridade do rendimento do SC Braga esta época: alto rendimento (exibicional e competitivo) ao longo dos muitos meses de sobrecarga de jogos e baixa de rendimento quando os jogos ficaram mais espaçados. Refiro-me a um incidente na pista do aeroporto Sá Carneiro, que quase dava um acidente, quando um controlador de tráfego aéreo deu ordem a um avião para descolar com a presença de um automóvel na pista. A estranheza da notícia tem a ver com a circunstância deste tipo de incidente nunca se verificar em tempos de normalidade, com o tráfego aéreo muito intenso, e ter acontecido em época de tráfego aéreo bastante escasso. Em declarações a uma rádio, um especialista explicava que os controladores aéreos estão muito habituados ao stress permanente e que isso ajuda à sua concentração e eficácia. O stress induz a produção de uma hormona, a adrenalina, que inibe a produção de neurotransmissores, como a melatonina (responsável pelo sono), cuja presença no organismo diminui a reação rápida e eficaz. Talvez, pensei eu, o stress e a necessidade de jogar mais com o instinto do que com a racionalidade tenha beneficiado os futebolistas do Braga nos períodos de jogos sucessivos, nos seus processos cognitivos ( decisão e ação em processo de jogo), pois os neurotransmissores e as redes sinápticas envolvidas em todas as ações teriam uma adaptabilidade que favorece a tomada de decisão rápida, a concentração, o instinto e a eficácia. É mera especulação minha, mas faz algum sentido…