O Jogo

Pogacar manda no Tour

Esloveno tinha dito na véspera que não era o mais forte e provou o contrário. Um ataque esmagador, à chuva e na primeira etapa de montanha, deixou todos os rivais muito longe

- CARLOS FLÓRIDO

Só um acidente ou quebra invulgar na última semana impedirá o colega de Rui Costa de bisar na Volta à França, feito inimagináv­el aos 22 anos. Mas a “tareia” que deu ontem na concorrênc­ia também é novidade

O belga Dylan Teuns fez uma corrida brilhante desde a fuga do dia e venceu em Le Grand-Bornand, dando o segundo triunfo seguindo à Bahrain, mas a oitava etapa da 108.ª Volta a França, a primeira de alta montanha, ficará para a história pela fantástica exibição de Tadej Pogacar. O esloveno de 22 anos, ao atacar nasegundad­etrêsmonta­nhas de primeira categoria, ganhou 3m20s aos adversário­s que melhor resistiram e deixou outros... a 18 minutos!

Foi uma exibição rara do jovem que dia 18, se não tiver um azar ou quebra até lá, poderá ser o primeiro a bisar no Tour em tão tenra idade e subirá a líder mundial. Com a etapa marcada pelo desfalecim­ento precoce de Geraint Thomas e, quilómetro­s depois, pelo de Primoz Roglic, aqueles que eram anunciados como maiores rivais de Pogacar nem ao top-10 deverão chegar. Mathieu van der Poel cedeu no Col de Romme, o penúltimo do dia, e durante algum tempo a camisola amarela foi de Wout van Aert, que fez uma corrida corajosa e chegou a atacar, sendo anulado por Rui Costa. A UAE Emira

“Formolo, Rui Costa e Brandon McNulty fizeram um trabalho super, para depois eu ir a todo o gás”

Tadej Pogacar

UAE Emirates

tes fez um belo trabalho de desgaste, mas a 30 quilómetro­s do final, e com os 18 homens da fuga ainda distantes, Pogacar iniciou o recital.

Richard Carapaz ainda seguiu o esloveno, mas por pouco tempo. O domínio do jovem camisola branca no contrarrel­ógio repetia-se na montanha e foi numa cavalgada solitária que Pogacar foi ultrapassa­ndo fugitivos, só não apanhando Teuns, Ion Izaguirre e Michael Woods. “Já todos vemos ciclismo há algum tempo e sabemos que uma performanc­e assim é rara. Ele está num nível diferente e revela-se bravo o suficiente para fazer o que faz. Temos de o admirar”, elogiou David Brailsford, manager da Ineos, que pelo segundo ano consecutiv­o está perto de perder um Tour que conquistou sete vezes desde 2012.

“Atacar não era o meu plano. Quando vi os adversário­s em dificuldad­es, devido ao grande trabalho da minha equipa e ao mau tempo, achei que era tempo de ir”, disse o esloveno. Do lado de Carapaz, talvez o maior rival, mas já a cinco minutos, a resposta era sintética: “Ainda falta muito até Paris”.

 ??  ?? Tadej Pogacar atacou a 30 quilómetro­s do final e deixou os rivais a uma distância raramente vista
Tadej Pogacar atacou a 30 quilómetro­s do final e deixou os rivais a uma distância raramente vista

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal