O’Connor aproveitou a benesse de Pogacar
Rui Costa fez um grande trabalho em prol do camisola amarela, que voltou a conquistar tempo a todos os rivais, ganhando um novo ao deixar o australiano da AG2R chegar isolado
A despedida dos Alpes forneceu mais uma etapa de parar corações – ou pelo menos de o de Ben O’Connor, que entrou numa fuga sem saber e fez grande parte de um dia chuvoso como líder virtual
Quando um líder tem grande vantagem, as outras equipas defendem os lugares seguintes e facilitam-lhe a missão – foi esta a regra não escrita que a UAE Emirates esticou ao limite na nona etapa da Volta a França, deixando Ben O’Connor, o melhor de uma grande fuga, seguir muito tempo como virtual camisola amarela na segunda etapa alpina e primeira com final em alto desta edição. Na última subida, a longa escalada de Tignes (20,8 km), a Ineos perdeu a paciência e acelerou, Tadej Pogacar respondeu e não só conservou a amarela como afastou ainda mais toda a concorrência, exceção feita a O’Connor.
Num dia de chuva e frio e com 4500 metros de acumulado em cinco montanhas, a UAE Emirates limitou-se a marcar o ritmo e deixou andar um grupo de 43 homens, no qual estava Ruben Guerreiro – 12.º na meta e agora 25.º da geral – e chegou a constar Rui Costa, que depressa esperou pelos colegas. “Não sei porque dizem que a nossa equipa é má e não controla. Ela é das mais fortes”, protestou Tadej Pogacar, que teve precisamente em Rui Costa o melhor apoio, trabalhando até que, a 7,5 quilómetros da meta, a Ineos lançou o ataque de Richard Carapaz. A resposta do camisola amarela foi demolidora e Pogacar despertou a tempo de anular a outra ameaça. “O O’Connor estava realmente forte e quase me levou a amarela. Fiquei assustado”, admitiu o esloveno, que não só manteve a camisola como ganhou mais 32 segundos a Carapaz, Vingegaard, Uran e Mas, viu Lutsenko atrasar-se (a 1m34s) e Wout Van Aert desaparecer dos lugares da frente (chegou a 31m37s).
Entre os fugitivos, e apesar de Nairo Quintana e Sergio Higuita terem mais nome, era Ben O’Connor a maior ameaça do trio que restou na frente. O australiano conseguiu ganhar mais de cinco minutos a todos, festejar a melhor vitória da sua carreira e subir a segundo da geral. É nova ameaça a Pogacar? Ele treme se lhe disserem isso...
“Era uma etapa atroz, mas tinha vantagem. Só que, quando sentes que vais ganhar uma etapa na Volta a França, o teu coração pára...”
Ben O’Connor
AG2R-Citroën