LEÃO CONTRADIZ E ATACA CABRITA
Sporting foi responsabilizado pelo ministro pela organização da festa e do cortejo, mas o clube pontua reuniões com várias entidades
Em comunicado de onze pontos, o campeão nacional rebateu as declarações do ministro da Administração Interna, que considerou “de extrema gravidade” e com o intuito de desviar atenções
O Sporting foi o grande derrotado do processo de inquérito à atuação da Polícia de Segurança Pública nas comemorações do título, acabando por ser o mais atacado no relatório final, ontem divulgado por Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, ao início da tarde. No entanto, horas mais tarde, o clube verde e branco emitiu um comunicado no qual considerou as declarações do ministro “de extrema gravidade e revelando profundo desconhecimento”, num comunicado no qual, em onze pontos, pontua o processo de organização da festa, no qual terá estado presente o dito Ministério, entre outras entidades.
“A responsabilidade da celebração é do Sporting. As propostas da PSP não foram acolhidas, nomeadamente de os festejos serem dentro do estádio. Não pode a PSP forçar o dono da casa”, afirmou Eduardo Cabrita, relatando que o inquérito foi levado a cabo por três inspetores. O Sporting rebateu a responsabilidade na organização, ao ataque, aludindo a problemas que o ministro enfrenta, como o atropelamento mortal em serviço de um civil ou a polémica do SEF: “Não concebendo o Sporting qualquer possibilidade alternativa de tentativa de desvio de atenção ou responsabilidade sobre este, ou qualquer outro, tema da atualidade, é lamentável o profundo desconhecimento que o ministro revela dos factos sucedidos que resultaram na transmissão à esfera publica de informações que, em nada, correspondem ao realmente sucedido. Que não exista nenhuma dúvida, o plano executado na celebração do título foi resultado de uma proposta discutida, aceite e planeada por todas as partes, sendo que inclusive a proposta original não surge por parte do Sporting.”
Segundo os leões, que afirmam ter alertado atempadamente, “durante três semanas”, para a possibilidade de celebrações e de estas serem espontâneas em vários locais da cidade, houve reuniões no próprio MAI com responsáveis do mesmo, do Ministério da Saúde, da Câmara Municipal de Lisboa, da Polícia de Segurança Pública e da Direção-Geral da Saúde. Nestes encontros foi recusada a ideia de celebração em Alvalade, pela situação pandémica e pelas dificuldades de controlo. O Sporting garantiu ainda que o MAI deu aprovação “oficiosamente” para a organização do cortejo, “a 8 de maio”. O percurso, esclarecem os leões, foi “proposta de outra entidade, aceite por todos”, para “evitar a concentração de adeptos”.
Por último, Cabrita afirmou que o Sporting não respondeu aos sete pedidos de esclarecimento solicitados pela Inspeção Geral da Administração Interna e que, por isso, participou o caso e enviou o relatório ao Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues: “Há um dever de cooperação, seria útil que o Sporting respondesse aos sete blocos de questões que lhe foram dirigidas. Recairia essa obrigação sobre o Sporting enquanto instituição de utilidade pública que determina obrigação especial de cooperação. O relatório será enviado ao Ministro da Educação com tutela do desporto.”
Também esta acusação foi rebatidas pelos leões. “É lamentável e não corresponde à verdade”, começa por dizer o comunicado leonino a este respeito, e prossegue: “O Sporting recebeu um ofício do IGAI a 21 de Maio e a resposta data de 9 de Julho. No dia 1 de Junho, o IGAI contactou o Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) do Sporting. No dia 14 de Junho, o IGAI insistiu por uma resposta e a mesma foi enviada nesse dia por parte do nosso OLA. No dia 17 de Junho o Diretor de Segurança do Sporting prestou declarações durante 2 horas perante 3 inspetores, após convocatória do MAI no âmbito do dito inquérito. O relatório da IGAI deu entrada no MAI no dia 12 de Julho, que era a data apontada na própria comunicação social, para o encerramento do inquérito, não fazendo nota destas respostas. Ou seja, não só o Sporting prestou informação diretamente, como o fez através do seu Diretor de Segurança e do seu OLA.”
“É lamentável o profundo desconhecimento que o ministro revela dos factos sucedidos”
Sporting Clube de Portugal
Comunicado oficial