PORTA FECHADA A TEXTOR
NEGÓCIO Clube, agora liderado por Rui Costa, fala em “operação inoportuna” e rejeita encontro. Investidor admite sair de cena
Encarnados assumem “veto” à oferta do empresário norte-americano, de acordo com os estatutos da SAD. Textor diz que vai investir no “Reino Unido”, mas que acredita vir a ser recebido “no futuro”
Dono de um acordo com José António dos Santos para a aquisição de 25 por cento do capital da Benfica, SAD, John Textor tem porta fechada na Luz. Os órgãos sociais agora comandados de forma oficial por Rui Costa, após a renúncia de Luís Filipe Vieira – viu encerrados quase 18 anos de presidência no Benfica – na sequência do processo “Cartão Vermelho”, consideram “inoportuna a operação”. Anunciando a decisão, a Direção encarnada mostra-se também indisponível para tornar realidade o encontro solicitado por John Textor, puxando do mesmo adjetivo ao referir, através de comunicado, ser “inoportuno receber, de maneira formal ou informal, o Sr. John Textor nesta altura”.
O investidor norte-americano já reagiu, confessandose “desanimado por saber, oficialmente” do chumbo encarnado à sua compra dos títulos na posse do “rei dos frangos”, mas “não surpreendido”. Assumindo a saída para já de cena “com o coração pesado e esperançoso”, desejou ao Benfica “as maiores alegrias e sucessos”, sendo que o seu plano passa agora por redirecionar os seus “investimentos para o Reino Unido”, aguardando que um dia a Direção do Benfica os veja como “valiosos”. “Talvez eu seja um otimista, mas interpreto a decisão deles face à minha proposta como sendo uma questão de timing”, referiu, acreditando, apesar da frustração, que a “dado momento, no futuro” poderá ser recebido por “este conselho e esta equipa de gestão”. Pela qual mostrou compreensão: “Respeito a decisão da Direção em focar-se, dentro e fora do campo, nos desafios importantes que tem pela frente nas próximas semanas e meses.”
A reação de Textor surgiu horas depois de a Direção se ter reunido e “realizado uma
JOHN TEXTOR PAGOU UM MILHÃO DE EUROS COMO SINAL PARA A COMPRA DE 25% DA SAD, A TROCO DE 50 MILHÕES NO TOTAL
reflexão sobre o atual momento do clube”, visando especialmente as intenções do empresário norte-americano. A gestão , agora nas mãos de Rui Costa, garantiu que “desconhecia em absoluto a existência das negociações que conduziram à assinatura de um acordo para a compra de 25% do capital da Benfica, SAD entre o acionista privado José António dos Santos e o investidor John Textor” e indicou a posição a tomar quanto à proposta caso esta seja discutida em assembleia geral da SAD na próxima quinta-feira – na qual o único ponto de ordem é a discussão e aprovação do novo revisor de contas –, garantindo que “se oporá à operação”. E justificou o anúncio público para “evitar dúvidas
Dizendo “respeitar a decisão”, o John Textor lamenta que a sua oferta tenha sido alvo de “pouca consideração” e procura afastar-se de Luís Filipe Vieira
e especulações”.
Rui Costa e os seus vicepresidentes puxaram os galões dos estatutos da SAD para justificar a sua recusa à entrada de John Textor na mesma, apontando o artigo 13 na qual o clube, como detentor das ações de categoria A, “pode, nomeadamente se estiver em causa a aquisição de uma participação qualificada por entidade concorrente, vetar essa aquisição”. O documento emitido pelos encarnados esclarece mesmo que esse “direito foi objeto de formulação específica na revisão estatutária da Benfica SAD promovida por iniciatiA
va do clube durante o último mandato dos órgãos sociais”.
John Textor, que num comunicado emitido no dia anterior, procurara refutar a ideia de ser concorrente, e como tal poder vir a ser impedido de adquirir as ações encarnadas, lamentou que a sua oferta tenha sido alvo de “pouca consideração”. “A minha proposta pelo seu mérito, por si só, teria sido a escolha óbvia da liderança”, advogou, procurando afastar-se de Luís Filipe Vieira. “O meu acordo de compra foi devidamente criado, negociado, documentado e divulgado em tempo útil. Sou independente da liderança, quer passada quer presente, e penso que a minha oferta não deveria ser vista à luz dos eventos recentes, que me são completamente alheios”, acrescentou.