O Jogo

PORTA FECHADA A TEXTOR

NEGÓCIO Clube, agora liderado por Rui Costa, fala em “operação inoportuna” e rejeita encontro. Investidor admite sair de cena

- MARCO GONÇALVES PEDRO MIGUEL AZEVEDO

Encarnados assumem “veto” à oferta do empresário norte-americano, de acordo com os estatutos da SAD. Textor diz que vai investir no “Reino Unido”, mas que acredita vir a ser recebido “no futuro”

Dono de um acordo com José António dos Santos para a aquisição de 25 por cento do capital da Benfica, SAD, John Textor tem porta fechada na Luz. Os órgãos sociais agora comandados de forma oficial por Rui Costa, após a renúncia de Luís Filipe Vieira – viu encerrados quase 18 anos de presidênci­a no Benfica – na sequência do processo “Cartão Vermelho”, consideram “inoportuna a operação”. Anunciando a decisão, a Direção encarnada mostra-se também indisponív­el para tornar realidade o encontro solicitado por John Textor, puxando do mesmo adjetivo ao referir, através de comunicado, ser “inoportuno receber, de maneira formal ou informal, o Sr. John Textor nesta altura”.

O investidor norte-americano já reagiu, confessand­ose “desanimado por saber, oficialmen­te” do chumbo encarnado à sua compra dos títulos na posse do “rei dos frangos”, mas “não surpreendi­do”. Assumindo a saída para já de cena “com o coração pesado e esperanços­o”, desejou ao Benfica “as maiores alegrias e sucessos”, sendo que o seu plano passa agora por redirecion­ar os seus “investimen­tos para o Reino Unido”, aguardando que um dia a Direção do Benfica os veja como “valiosos”. “Talvez eu seja um otimista, mas interpreto a decisão deles face à minha proposta como sendo uma questão de timing”, referiu, acreditand­o, apesar da frustração, que a “dado momento, no futuro” poderá ser recebido por “este conselho e esta equipa de gestão”. Pela qual mostrou compreensã­o: “Respeito a decisão da Direção em focar-se, dentro e fora do campo, nos desafios importante­s que tem pela frente nas próximas semanas e meses.”

A reação de Textor surgiu horas depois de a Direção se ter reunido e “realizado uma

JOHN TEXTOR PAGOU UM MILHÃO DE EUROS COMO SINAL PARA A COMPRA DE 25% DA SAD, A TROCO DE 50 MILHÕES NO TOTAL

reflexão sobre o atual momento do clube”, visando especialme­nte as intenções do empresário norte-americano. A gestão , agora nas mãos de Rui Costa, garantiu que “desconheci­a em absoluto a existência das negociaçõe­s que conduziram à assinatura de um acordo para a compra de 25% do capital da Benfica, SAD entre o acionista privado José António dos Santos e o investidor John Textor” e indicou a posição a tomar quanto à proposta caso esta seja discutida em assembleia geral da SAD na próxima quinta-feira – na qual o único ponto de ordem é a discussão e aprovação do novo revisor de contas –, garantindo que “se oporá à operação”. E justificou o anúncio público para “evitar dúvidas

Dizendo “respeitar a decisão”, o John Textor lamenta que a sua oferta tenha sido alvo de “pouca consideraç­ão” e procura afastar-se de Luís Filipe Vieira

e especulaçõ­es”.

Rui Costa e os seus vicepresid­entes puxaram os galões dos estatutos da SAD para justificar a sua recusa à entrada de John Textor na mesma, apontando o artigo 13 na qual o clube, como detentor das ações de categoria A, “pode, nomeadamen­te se estiver em causa a aquisição de uma participaç­ão qualificad­a por entidade concorrent­e, vetar essa aquisição”. O documento emitido pelos encarnados esclarece mesmo que esse “direito foi objeto de formulação específica na revisão estatutári­a da Benfica SAD promovida por iniciatiA

va do clube durante o último mandato dos órgãos sociais”.

John Textor, que num comunicado emitido no dia anterior, procurara refutar a ideia de ser concorrent­e, e como tal poder vir a ser impedido de adquirir as ações encarnadas, lamentou que a sua oferta tenha sido alvo de “pouca consideraç­ão”. “A minha proposta pelo seu mérito, por si só, teria sido a escolha óbvia da liderança”, advogou, procurando afastar-se de Luís Filipe Vieira. “O meu acordo de compra foi devidament­e criado, negociado, documentad­o e divulgado em tempo útil. Sou independen­te da liderança, quer passada quer presente, e penso que a minha oferta não deveria ser vista à luz dos eventos recentes, que me são completame­nte alheios”, acrescento­u.

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