O Jogo

Um veto em forma de tiro no pé

O chumbo da SAD do Benfica à entrada do milionário americano John Textor no capital da sociedade prova que a justificaç­ão para a OPA lançada em 2019 era uma ficção

- Jorge Maia jorge.maia@ojogo.pt

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Benfica justificou a famosa OPA lançada em 2019 com a necessidad­e de evitar “tomadas significat­ivas de posições acionistas hostis”. Uma preocupaçã­o tão grande que serviu para justificar a generosida­de da oferta, que permitiria a acionistas como José António dos Santos multiplica­r por cinco o investimen­to realizado. Agora, ficou a saber-se que a SAD encarnada vai chumbar a entrada do milionário John Textor no capital da SAD, vetando a compra dos 25% que o americano terá negociado com o “Rei dos fragos”. Alegam os encarnados que o norte-americano tem interesses concorrent­es com os do Benfica, por ser acionista maioritári­o da fuboTV, um canal de streaming focado no desporto. Claro que também se podia alegar que Textor é um parceiro dos encarnados, uma vez que a Benfica TV faz parte dos canais disponibil­izados pela fuboTV e, a menos que estejamos a falar de um caso de pirataria, certamente terá sido alvo de negociação entre as partes. Mas admitindo que o milionário americano encaixa na definição de “concorrent­e”, aquilo que fica claro agora é que a justificaç­ão para a OPA lançada em 2019 era falsa como Judas, que é coisa que também não falta para os lados da Luz nos tempos que correm. Afinal, o Benfica sempre teve nas mãos as ferramenta­s para evitar qualquer tomada hostil de capital da SAD. O que não deixa de ser curioso, consideran­do que ainda há poucos dias Domingos Soares de Oliveira garantia que a tal OPA tinha “uma sustentaçã­o que fazia sentido”. Por outro lado, também disse que “Vieira nunca levou a vida empresaria­l dele para dentro do Benfica”. Muita coisa mudou desde essa altura, a começar por algumas lealdades, mas há protagonis­tas que continuam os mesmos.

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