Um veto em forma de tiro no pé
O chumbo da SAD do Benfica à entrada do milionário americano John Textor no capital da sociedade prova que a justificação para a OPA lançada em 2019 era uma ficção
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Benfica justificou a famosa OPA lançada em 2019 com a necessidade de evitar “tomadas significativas de posições acionistas hostis”. Uma preocupação tão grande que serviu para justificar a generosidade da oferta, que permitiria a acionistas como José António dos Santos multiplicar por cinco o investimento realizado. Agora, ficou a saber-se que a SAD encarnada vai chumbar a entrada do milionário John Textor no capital da SAD, vetando a compra dos 25% que o americano terá negociado com o “Rei dos fragos”. Alegam os encarnados que o norte-americano tem interesses concorrentes com os do Benfica, por ser acionista maioritário da fuboTV, um canal de streaming focado no desporto. Claro que também se podia alegar que Textor é um parceiro dos encarnados, uma vez que a Benfica TV faz parte dos canais disponibilizados pela fuboTV e, a menos que estejamos a falar de um caso de pirataria, certamente terá sido alvo de negociação entre as partes. Mas admitindo que o milionário americano encaixa na definição de “concorrente”, aquilo que fica claro agora é que a justificação para a OPA lançada em 2019 era falsa como Judas, que é coisa que também não falta para os lados da Luz nos tempos que correm. Afinal, o Benfica sempre teve nas mãos as ferramentas para evitar qualquer tomada hostil de capital da SAD. O que não deixa de ser curioso, considerando que ainda há poucos dias Domingos Soares de Oliveira garantia que a tal OPA tinha “uma sustentação que fazia sentido”. Por outro lado, também disse que “Vieira nunca levou a vida empresarial dele para dentro do Benfica”. Muita coisa mudou desde essa altura, a começar por algumas lealdades, mas há protagonistas que continuam os mesmos.