O Jogo

“AJUDA A POGACAR FOI DE CORAÇÃO”

CICLISMO Rui Costa revela a O JOGO o nervosismo a cada fuga rival e que o esloveno pediu a sua presença no Tour

- FREDERICO BÁRTOLO

À décima participaç­ão, o poveiro de 34 anos sentiuse um capitão e lembra as festas de Froome nos Campos Elísios, com as quais nem sequer sonhava. A Pogacar, que bisou aos 22 anos, só faz elogios

O campeão do mundo de ciclismo de 2013 não sabia o que era vencer uma Volta a França. “Tinha feito dez Voltas a França e via o Froome, pela Sky, a festejar em várias ocasiões. Pensas sempre que eles estão a festejar, que deve ser felicidade pura. Ontem [domingo] ter isso foi muito bom. Foi algo inesquecív­el”, assim começa Rui Costa uma entrevista a O JOGO, destacando a “longa festa” feita pela noite dentro, para celebrar a vitória de Tadej Pogacar, a primeira na Volta a França com o português na equipa.

“É difícil comparar aos tempos da Movistar. Convertime num atleta útil e fiz tudo o que fiz pelo Pogacar de coração. Gostava que tivessem feito por mim, noutra altura, o que agora fiz por ele. Ainda assim, tive outros a ajudarme e isso dá experiênci­a. Foi recompensa­dor, motivante, foram três semanas de intenso foco, com dedicação total a um líder e em que tudo pode acontecer”, resume, recordando o nervosismo quando se formavam as fugas: “Existiram quedas e zonas perigosas e, felizmente, não tivemos muito vento. A sensação mais crítica era sempre com o sair da fuga, tentar ver quem estava lá, se eram perigosos para o Tadej. Lembro-me de uma com o Nibali...”

“Confesso que não tinha definido, na minha carreira, um dia estar na equipa que vencesse o Tour”, reitera, agradecend­o a visão de Pogacar, que reconheceu a boa forma do poveiro, sétimo na Volta à Suíça. “Os meus objetivos eram outros, eram os Jogos. Quando essa porta se fechou, abriu-se uma janela importante. O Tadej fez força

Rui Costa para que eu estivesse no Tour, para o apoiar. Foi uma experiênci­a única”, expressa, pormenoriz­ando como a equipa se foi tranquiliz­ando: “Não sabíamos bem quem nos podia prejudicar nas contas da geral. O meu papel foi dar alguma experiênci­a, tal como o Majka. Os meus dez Tours foram importante­s, para controlar cada momento de corrida. Dizia para os colegas que as outras equipas tinham de trabalhar, ao quererem assegurar o seu lugar na geral, e começámos a ter ajuda.”

Afirmando que saiu de “casa sem pensar ir para as fugas”, porque não se “podiam desgastar homens importante­s”. A missão era única, “proteger o líder, daí que nem levássemos sprinter”. Rui Costa termina com elogios ao “espírito de equipa” e à “segurança de Pogacar”. “Vivi abstraído das críticas que nos iam fazendo”, completa.

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