“Apoios 40% abaixo da média europeia”
1 Que conclusões tira deste estudo sobre o impacto da covid-19 no desporto?
—Este estudo tem duas partes e começou a ser realizado depois da cimeira das federações. Esta é uma primeira parte do trabalho e a segunda será uma avaliação comparativa de como os países europeus estão a enfrentar esta situação de crise económica e financeira. Já tinha havido uma redução significativa dos contratos-programa no tempo da troika, mas esta situação tinha vindo a melhorar até ao Orçamento de Estado para 2019. Agora, alguns valores relativamente a apoios foram suspensos e o desporto volta a passar por dificuldades.
2 Acredita que mais clubes podiam ter fechado portas se não fosse o apoio das autarquias?
—As autarquias dão um apoio maior, mas isso acontece na maioria dos países europeus. A diferença é que, em Portugal, o Estado dá um apoio para o desporto de cerca de 59 euros por habitante, enquanto a média europeia é superior a cem euros. Ou seja, é menos 40 por cento do que a generalidade dos países europeus e isso penaliza severamente o sistema desportivo português. Pelo contrário, o papel das autarquias tem sido muito relevante e aqui estão em falta as políticas centrais do Governo. Muitas pessoas não têm consciência, mas o desporto é um sector que normalmente regista um saldo positivo na balança comercial e são poucas as áreas que, em termos financeiros, têm essa positividade no que é exportado e importado. Estes números são resultado, sobretudo, da venda de material desportivo, nomeadamente de vários tipos de bicicletas. Só as vendas de calçado desportivo é que não têm um saldo favorável. Enfim, este é um dado que devia ser reconhecido pelas entidades governativas.
3 Qual o impacto que esta crise pode ter no próximo ciclo olímpico?
—Pode ter algum impacto futuramente, mas vamos ter ainda de aguardar para tirar essa conclusão. Digamos que esta crise foi mais severa no tecido associativo de base. Isto é, nas organizações desportivas com menos capacidade económica e técnica. Estas foram as que mais sofreram e são aqueles que prioritariamente necessitam de mais apoios para conseguir recuperar.
Presidente do Comité Olímpico de Portugal