E para este Ferrari, quem tem andamento?
A Liga dos Campeões é precisamente a desilusão que Jesus e Rui VItória têm em comum. Até empatam nas derrotas (nove) que somaram nos últimos 12 jogos. A Europa tem sido motor a mais para ambos
O s arrufos entre Jorge Jesus e Rui Vitória, em 2015, ou melhor o arrufo de Jesus com Vitória e o lento esgotar da paciência deste último, foi um daqueles incidentes “Quinta Dimensão” que o futebol nunca explicou. Empurrado discretamente da Luz, o então treinador do Sporting fez os impossíveis, nos primeiros meses, para achincalhar o homem que lhe sucedeu no Benfica, chegando a negar-lhe até o título de treinador (“Para ser treinador ele tem de ser muito mais. Para conduzir um Ferrari é preciso ter andamento”). Orgulho ferido? Mágoa por ter sido um rústico treinador do V. Guimarães a substituí-lo, em vez de um Guardiola ou de um Mourinho? Depois dos retumbantes fracassos dessa estratégia com Villas-Boas e Vítor Pereira, achou que valia a pena tentar, uma última vez, mexer com a cabeça do adversário? Como sempre, correu mal. São as duas ligas em que a carreira de Jesus nunca descolou: a liga das tricas e a dos Campeões, mas neste caso com a companhia de Rui Vitória, contra cuja equipa (Spartak de Moscovo) vai decidir o acesso a 40 milhões de euros indispensáveis. Ambos começaram bem os seus percursos na Champions (“quartos” para Jesus à segunda tentativa, e para Vitória logo à primeira), antes de se afundarem em amarguras e deceções. Dos últimos 12 jogos que lá fez, o treinador do Spartak perdeu nove, pelo Benfica. Jesus perdeu nove, pelo Sporting e pelo Benfica (se alargarmos para os últimos 18 jogos, só ganhou quatro). As penúltimas épocas também são curiosamente parecidas: seis derrotas na fase de grupos para Vitória, cinco para Jesus. Não foram momentos brilhantes. Em comparação, Sérgio Conceição venceu 15 vezes em três épocas, o mesmo que Jesus conseguiu em sete (Rui Vitória ganhou dez vezes em quatro edições). Para ambos, a Liga dos Campeões é a última fronteira. O Ferrari para o qual nenhum deles tem tido unhas.