Pesos-pesados lutam por uma nova Europa
Liga Europeia perdeu os principais clubes, que estão em rota de colisão com Comité Europeu
Doze clubes querem criar uma nova competição. Demarcam-se da recente proposta da Superliga no futebol, mas inspiram-se no basquetebol. Dizem que tentaram sociedade com o WSE-RH, mas sem sucesso
A Associação Europeia de Clubes de Hóquei em Patins (EHCA) anunciou que as suas equipas não serão inscritas na Liga Europeia 2021/22. Em causa está um diferendo com o Comité Europeu (WSE-RH), que acusa de não responder às propostas de organização e de alteração de modelo competitivo. Os clubes que investem na Europa procuram retorno financeiro e por isso nasceu a AssociaçãoEuropeiadeClubes (EHCA), constituída em setembro de 2019 com FC Porto, Benfica, Sporting, Oliveirense, Barcelona, Noia, Liceo e Reus como fundadores, aos quais se juntaram este ano Barcelos, Saint Omer, Caldes e Forte dei Marmi.
A EHCA e o WSE-RH tiveram um processo longo de negociação ao longo da época, que por causa da pandemia viu a competição reduzida e disputada em formato concentrado. A sua organização foi atribuída aos clubes, que agora querem “ter a gestão comercial e operacional” da prova. “Propusemos que a Liga Europeia fosse às quintas-feiras e que tivesse novos moldes, com dois grupos de oito e quatro equipas de cada um a apurar para uma final-eight, com o local a definir já no final deste mês e o sorteio a efetuarse nesse local” afirmou João Nuno Araújo, presidente da EHCA, garantindo abertura da World Skate, “sem poderes para interferir nas competições europeias de clubes”.
Em novembro, a federação internacional, World Skate, terá eleições num congresso em que “deve reconhecer a EHCA oficialmente”. “O comité europeu tem medo de perder protagonismo”, referiu João Nuno Araújo, explicando: “Apresentámos ideias diferentes, que eram aceites, mas não concretizadas. Em várias reuniões sempre que algo era acordado, passado 48 horas o comité emanava comunicados com orientações contrárias ao acordado”.
Araújo diz que os clubes “propuseram ser parceiros do WSE-RH, com divisão de receitas e encargos e que podia ser toda a prova ou só a fase final”. Mas, “sem respostas” e, sobretudo, “sem saber se o modelo competitivo ia mudar”, os clubes “fizeram um ultimato”. “Vamos avançar com ação judicial contra o comité europeu por abuso de posição dominante. O andebol e o basquetebol fizeram isso. A partir daí vamos trabalhar”, afiançou o dirigente.
Agora, a EHCA, ainda que admita estar “aberta a conversar com o WSE-RH”, quer organizar a sua própria prova, que “nada tem a ver com o futebol [Superliga]” e que seria “uma competição aberta”, semelhante à atual Superliga de basquetebol, após uma tentativa de replicar “a parceria europeia no andebol”.
Agostinho Silva, presidente do comité europeu não quis prestar declarações a O JOGO, remetendo para o comunicado que apresenta La Vendéene, de França, Lodi, Trissino e Forte dei Marmi, de Itália, e Diessbach, da Suíça, como inscritos na Liga Europeia. “Os italianos inscreveram-se para não ficarem impedidos de jogar no campeonato nacional, mas já pediram para jogar a nossa prova”, explicou Araújo, acrescentando: “É taxativo que os 12 clubes mais dois ‘wild cards’, Trissino e Lodi, jogarão na EHCA”. Apesar disso, Araújo realçou: “Embora em contrarrelógio, tudo faremos para a competição arrancar em 2021/22, sendo que ela depende da autorização de uma federação e se nos libertam árbitros. Temos árbitros do quadro internacional que dizem estar disponíveis e, se forem sancionados, estão disponíveis para arbitrar só na EHCA. Acredito que teremos luz verde, porque as federações estão interessadas na promoção da modalidade ”.
A avançar, a prova deverá chamar-se EHCA Liga, com os principais emblemas europeus. O WSE-RH, de acordo com o seu presidente, admite a possibilidade de “extinguir a Taça WSE [ex-Taça CERS], transferindo as equipas para a Liga Europeia e ficando apenas com uma prova”.
“Vamos avançar com ação judicial contra o comité europeu”
João Nuno Araújo Presidente da EHCA