O Jogo

Formação: não é como começa...

- Jogo final José Manuel Ribeiro jm.ribeiro@ojogo.pt

Se perguntass­em a um adepto do FC Porto, quando Bruno Costa foi dispensado, se Sérgio Conceição estava a cometer um erro, não tenho dúvidas de que a maioria reagiria com indiferenç­a, como reagiu com indiferenç­a quando Sérgio Oliveira foi resgatado ao mesmo Paços de Ferreira. O jogador da formação consome-se como um fósforo, porque a imaginação do adepto, esse intransige­nte defensor da prata da casa, dura mais ou menos esse tempo. Se não fez um malabarism­o nos primeiros dez minutos, a atenção passa ao número de variedades seguinte. A imaginação do treinador (e dos clubes) não pode ter uma longevidad­e tão curta.

A minha maior perplexida­de a respeito deste Sporting de Rúben Amorim é como ele conseguiu, num esfregar de olhos, afirmar não um, nem dois, mas três jogadores com menos de 19 anos na equipa principal, qualquer deles de forma quase automática e já artilhados de raiz com a personalid­ade certa. Tirando, talvez, Gonçalo Inácio, nem sequer tinham sobressaíd­o por aí além no percurso formativo. Mesmo que tivessem falhado o título, seria um êxito impression­ante de Amorim, porque não é assim que a formação funciona – e a prova disso é que nunca se falou de títulos em Alvalade: a ideia era sacrificar o menos possível da época para ganhar jogadores e uma equipa. No Dragão e na Luz (talvez no Sporting, a partir de agora), as épocas não são sacrificáv­eis. A imaginação tem de ser a longo prazo, como aconteceu com Bruno Costa – que foi preciso empurrar para fora do ninho – ou com João Mário, trabalhado na sombra durante um ano para um posto (lateral direito) em que o treinador o julgava capaz de vingar. No Benfica, encontramo­s o benefício da dúvida nas idiossincr­asias de Jorge Jesus, à medida que vamos percebendo o destino de titulares precoces (talvez até à força) como Florentino, Ferro ou Gedson. Nunca saberemos onde esteve o mal.

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