Duas críticas que obrigam a pensar
N ão sendo homem de meias palavras, Jorge Fonseca aproveitou o tempo de antena de ontem para dois reparos que merecem ser analisados e debatidos. Por quem de direito. PATROCÍNIOS. Adidas e Puma recusaram patrocinar o bicampeão mundial de judo e agora medalhado olímpico. Realmente estará na hora de os departamentos de marketing olharem a algo mais do que a popularidade dos atletas nas redes sociais – Fonseca tinha ontem 57 610 seguidores no Instagram e 8 100 no Facebook, não sendo propriamente um “influencer” –, mas isso também é, provavelmente, um reflexo da pouca popularidade do judo. E, já agora, da falta de um gestor de carreira do campeão. POLÍCIA. Os políticos portugueses, com Presidente da República e Primeiro-ministro à cabeça, apressaram-se nas felicitações a Fonseca, mas talvez esteja na hora de levarem à Assembleia da República aquilo que é mais do que um simples desejo do medalhado olímpico, o de ser polícia. Muitos países já colocam os seus principais atletas na polícia ou no serviço militar, não para que passem multas ou defendam a nação, mas para lhes oferecer uma carreira que vá além da de atleta. É um método muito mais prático do que andar a descobrir subsídios para evitar ter olímpicos na penúria – como esteve para acontecer com Carlos Lopes! –, dá uma segurança a quem prejudica estudos ou perde outras profissões para andar a representar o país e, analisado do outro lado, é igualmente uma oportunidade muito interessante para as forças da autoridade. Nunca esquecerei a publicidade que a França fez quando colocou Alain Bernard e Hugues Duboscq, nadadores medalhados olímpicos, na “Gendarmerie”. O primeiro é hoje treinador e trabalha para a câmara de Antibes, o segundo está na polícia marítima e ambos confessaram na altura, em 2008, o alívio que isso representou durante a restante carreira de atletas.