O Jogo

Duas críticas que obrigam a pensar

- CARLOS FLÓRIDO

N ão sendo homem de meias palavras, Jorge Fonseca aproveitou o tempo de antena de ontem para dois reparos que merecem ser analisados e debatidos. Por quem de direito. PATROCÍNIO­S. Adidas e Puma recusaram patrocinar o bicampeão mundial de judo e agora medalhado olímpico. Realmente estará na hora de os departamen­tos de marketing olharem a algo mais do que a popularida­de dos atletas nas redes sociais – Fonseca tinha ontem 57 610 seguidores no Instagram e 8 100 no Facebook, não sendo propriamen­te um “influencer” –, mas isso também é, provavelme­nte, um reflexo da pouca popularida­de do judo. E, já agora, da falta de um gestor de carreira do campeão. POLÍCIA. Os políticos portuguese­s, com Presidente da República e Primeiro-ministro à cabeça, apressaram-se nas felicitaçõ­es a Fonseca, mas talvez esteja na hora de levarem à Assembleia da República aquilo que é mais do que um simples desejo do medalhado olímpico, o de ser polícia. Muitos países já colocam os seus principais atletas na polícia ou no serviço militar, não para que passem multas ou defendam a nação, mas para lhes oferecer uma carreira que vá além da de atleta. É um método muito mais prático do que andar a descobrir subsídios para evitar ter olímpicos na penúria – como esteve para acontecer com Carlos Lopes! –, dá uma segurança a quem prejudica estudos ou perde outras profissões para andar a representa­r o país e, analisado do outro lado, é igualmente uma oportunida­de muito interessan­te para as forças da autoridade. Nunca esquecerei a publicidad­e que a França fez quando colocou Alain Bernard e Hugues Duboscq, nadadores medalhados olímpicos, na “Gendarmeri­e”. O primeiro é hoje treinador e trabalha para a câmara de Antibes, o segundo está na polícia marítima e ambos confessara­m na altura, em 2008, o alívio que isso represento­u durante a restante carreira de atletas.

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