COM O CORAÇÃO DIVIDIDO NO ADEUS DE ANDERSON
Nilza Santos vai voltar a ver os filhos gémeos em lados opostos. Anderson defronta o irmão André (Estoril), amanhã, no dia em que irá despedir-se do clube que representa desde 2017
Os irmãos já se tinham defrontado em 2019. Levou a melhor o que joga no Minho, que até marcou. De malas aviadas para o Beijing Guoan, Nilza conta que o filho está eternamente grato a Portugal
O futebol faz parte da vida de Nilza Silva desde que os dois filhos gémeos, Anderson e André, começaram a jogar à bola em São Paulo. Ambos nasceram com jeito para goleadores e, depois de terem jogado juntos no Guaratinguetá, emigraram para Portugal em 2017, mas desta feita com destinos opostos: Anderson fez testes no Famalicão e convenceu Dito, então treinador dos minhotos, a contratá-lo, e “Dinho”, como Nilza carinhosamente trata André, assinou pelo Portimonense.
Na época seguinte, André Clóvis foi emprestado ao Leixões e Nilza ficou com o coração dividido quando o “Fama” visitou o Estádio do Mar. Levou a melhor Anderson, por 3-2, que até marcou um golo naquela tarde que valeu mais um passo na caminhada até à subida à I Liga. Na temporada passada, foi a vez de André fazer a festa da promoção, pelo Estoril, só que o iminente reencontro foi travado quando o Beijing Guoan bateu à porta do Famalicão para levar Anderson. O negócio está praticamente concluído, o brasileiro até chorou na vitória da semana passada, com o Feirense (1-0), mas quis o destino que ainda haja tempo para um segundo reencontro entre os gémeos, amanhã, na Taça da Liga.
Desta feita, os sentimentos de Nilza são diferentes. “O Anderson está triste, porque ele deve muito ao Famalicão e àquelas gentes que o receberam de braços abertos. Vai recordá-los para a vida toda”, conta a O JOGO diretamente de São Paulo, onde, por estes dias, “está muito frio” em contraste com o verão português. “Estava a preparar-me para ir a Famalicão e agora só vou para Lisboa. O Anderson diz que já está com saudades de mim. Se ele precisar da mãe, eu vou para a China. Cozinhar? Ele aprendeu a fazer boa comida portuguesa, agora tem que continuar a aprender, mas não chinesa” [risos]. Sobre o jogo, garante que só vai torcer por “um golo” de cada filho. “Amo os dois, não tem como escolher. Os dois ligaram-me hoje [ontem] e têm brincado um com o outro durante a semana toda”, completou.
“Se o Anderson precisar da mãe, eu vou para a China”
Nilza Silva
Mãe de Anderson e André Clóvis