Um relvado menos igual do que os outros
Cada equipa joga com as armas que tem, mas o relvado não devia constar do arsenal de nenhuma, competindo à Liga garantir que as regras são cumpridas por todos e todos jogam nas mesmas condições
Menos de 24 horas depois de Sérgio Conceição se ter queixado do estado lastimoso do relvado do Estádio dos Barreiros, a Liga veio dar-lhe razão, atribuindo uma nota 1,67 ao batatal onde se disputou o FC Porto-Marítimo e interditando o recinto. É difícil não traçar um paralelo entre este caso e o do Jamor, interditado na última temporada pouco depois de o FC Porto ter lá perdido dois pontos. Num caso como no outro, a falta de condições dos relvados era evidente muito antes de a interdição ter avançado através do labirinto burocrático que expõe a credibilidade de uma competição que oferece condições diferentes a equipas distintas. Provavelmente, os próximos grandes a visitar os Barreiros terão direito a um relvado decente o que, sendo bom para eles e para o espetáculo, não deixa de ser um fator de desequilíbrio numa prova que muitas vezes se decide nos detalhes. Não é preciso ter curso de treinador para perceber que um batatal prejudica as equipas que têm de assumir as despesas do jogo e beneficia quem pretende jogar o menos possível. Aliás, em 2020, muito antes de Sérgio Conceição se ter queixado, já José Gomes, na altura treinador do Marítimo, sublinhava que o relvado do Estádio dos Barreiros era “uma vergonha” prejudicando “o futebol, o espetáculo e os jogadores”. Na altura, Carlos Pereira não viu nas declarações do seu treinador nem mau perder, nem o reflexo de uma personalidade conflituosa como agora detetou em Sérgio Conceição. Na verdade, na altura, provavelmente porque a Liga não o obrigou, o presidente do Marítimo não fez nada, o que explica que mais de um ano depois o relvado do Marítimo se tenha deteriorado até ao ponto em que “vergonha” é uma palavra curta para o descrever a ele e a quem, por omissão, o deixou chegar a este ponto.