O drama do tropeção foi escrito por pés esquerdos
De novo à terceira ronda e de novo o Marítimo. Dragões atrasaram-se em relação a leões e águias, que venceram mas de formas bem distintas
M inuto 18 do Marítimo-FC Porto: Toni Martínez protagoniza um lance invulgar para um ponta de lança e dramático para a equipa portista que podia ter-se adiantado no marcador se o espanhol, quase em cima da linha de golo, tivesse empurrado a bola em frente em vez de a pisar e desperdiçar a oportunidade; minuto 45+4 do mesmo jogo: de primeira, após cruzamento da esquerda de Vítor Costa, Xadas desfere uma bomba indefensável para Diogo Costa e empata a um a partida, que terminaria assim. E que ditaria os primeiros pontos perdidos pelos dragões neste campeonato, à terceira jornada, passando a estar agora a dois dos totalistas em vitórias Sporting e Benfica. Em comum aos lances acima descritos, dois pés esquerdos - o que falhou uma concretização aparentemente fácil (ali não há péssimo relvado que o desculpe!), e o que manteve os insulares a meio da tabela com o segundo resultado positivo consecutivo. Mas, e num relvado francamente mau (chamar-lhe relvado é insultar os demais), a ligação dos pés esquerdos a esta partida não se limita aos golos, pois o toque que me pareceu ter existido no de Francisco Conceição nos descontos da segunda parte poderia ter dado um final diferente a mais um capítulo das proverbiais dificuldades dos portistas com o Marítimo, que na mesma terceira ronda da época passada os tinham também distanciado dos dois outros candidatos ao vencer no Estádio do Dragão. Da Madeira chegou também a imagem de um FC Porto com dificuldades a defender (não significa ser culpa da defesa) e pouco eficaz no ataque.
Dois pés canhotos valeram também os golos com que o Benfica passou em Barcelos e pertencem a dois defesas, curiosamente. Jesus fez poupanças a pensar no jogo de hoje, que pode valer a entrada no paraíso dos milhões que é a Champions, e após um primeiro tempo em branco e em que o Gil Vicente procurou mostrar como se ataca uma defesa de três centrais, explorando as alas através de combinações rápidas a toda a largura, o Benfica recorreu à “artilharia pesada”, metendo Pizzi, João Mário e André Almeida duma assentada e Grimaldo pouco depois. Seria precisamente Pizzi a originar o primeiro golo, nascido da inteligência e técnica de Lucas Veríssimo, que primeiro intuiu a movimentação do capitão das águias e depois soube dominar e transformar o remate fraco daquele no desbloqueador do resultado. Com o esquerdo, que nem é o seu melhor pé, ao contrário de Grimaldo, que o tem mortífero e mostrouo no bonito remate para o 2-0.
Em Alvalade, e com 13 mil espectadores (mais quatro mil do que na primeira jornada), praticamente lotação esgotada, ao Sporting “bastaram” duas bolas paradas para resolver a receção ao Belenenses - marcou no início de cada parte, voltou a transmitir a sensação de que tudo sai bem e ainda um Palhinha a crescer, agora, também na dimensão atacante. Fez o 2-0 numa recarga a um remate próprio que evidenciou uma das principais qualidades que possui, a competitividade. Um craque em pleno voo...
No Minho também se fez a história desta terceira jornada, com dois dérbis emotivos. Em Moreira de Cónegos, o génio de Ricardo Horta, aos 90+5, deu o triunfo ao Braga (de pé direito); em Guimarães, os vitorianos venceram pela primeira vez. Foi diante do Vizela, a quem foi anulado por fora de jogo o que seria o 1-0, e nove mil espectadores (também casa “cheia”), mas a goleada só começou a construir-se após os 70 minutos.