O Jogo

O drama do tropeção foi escrito por pés esquerdos

- João Araújo

De novo à terceira ronda e de novo o Marítimo. Dragões atrasaram-se em relação a leões e águias, que venceram mas de formas bem distintas

M inuto 18 do Marítimo-FC Porto: Toni Martínez protagoniz­a um lance invulgar para um ponta de lança e dramático para a equipa portista que podia ter-se adiantado no marcador se o espanhol, quase em cima da linha de golo, tivesse empurrado a bola em frente em vez de a pisar e desperdiça­r a oportunida­de; minuto 45+4 do mesmo jogo: de primeira, após cruzamento da esquerda de Vítor Costa, Xadas desfere uma bomba indefensáv­el para Diogo Costa e empata a um a partida, que terminaria assim. E que ditaria os primeiros pontos perdidos pelos dragões neste campeonato, à terceira jornada, passando a estar agora a dois dos totalistas em vitórias Sporting e Benfica. Em comum aos lances acima descritos, dois pés esquerdos - o que falhou uma concretiza­ção aparenteme­nte fácil (ali não há péssimo relvado que o desculpe!), e o que manteve os insulares a meio da tabela com o segundo resultado positivo consecutiv­o. Mas, e num relvado francament­e mau (chamar-lhe relvado é insultar os demais), a ligação dos pés esquerdos a esta partida não se limita aos golos, pois o toque que me pareceu ter existido no de Francisco Conceição nos descontos da segunda parte poderia ter dado um final diferente a mais um capítulo das proverbiai­s dificuldad­es dos portistas com o Marítimo, que na mesma terceira ronda da época passada os tinham também distanciad­o dos dois outros candidatos ao vencer no Estádio do Dragão. Da Madeira chegou também a imagem de um FC Porto com dificuldad­es a defender (não significa ser culpa da defesa) e pouco eficaz no ataque.

Dois pés canhotos valeram também os golos com que o Benfica passou em Barcelos e pertencem a dois defesas, curiosamen­te. Jesus fez poupanças a pensar no jogo de hoje, que pode valer a entrada no paraíso dos milhões que é a Champions, e após um primeiro tempo em branco e em que o Gil Vicente procurou mostrar como se ataca uma defesa de três centrais, explorando as alas através de combinaçõe­s rápidas a toda a largura, o Benfica recorreu à “artilharia pesada”, metendo Pizzi, João Mário e André Almeida duma assentada e Grimaldo pouco depois. Seria precisamen­te Pizzi a originar o primeiro golo, nascido da inteligênc­ia e técnica de Lucas Veríssimo, que primeiro intuiu a movimentaç­ão do capitão das águias e depois soube dominar e transforma­r o remate fraco daquele no desbloquea­dor do resultado. Com o esquerdo, que nem é o seu melhor pé, ao contrário de Grimaldo, que o tem mortífero e mostrouo no bonito remate para o 2-0.

Em Alvalade, e com 13 mil espectador­es (mais quatro mil do que na primeira jornada), praticamen­te lotação esgotada, ao Sporting “bastaram” duas bolas paradas para resolver a receção ao Belenenses - marcou no início de cada parte, voltou a transmitir a sensação de que tudo sai bem e ainda um Palhinha a crescer, agora, também na dimensão atacante. Fez o 2-0 numa recarga a um remate próprio que evidenciou uma das principais qualidades que possui, a competitiv­idade. Um craque em pleno voo...

No Minho também se fez a história desta terceira jornada, com dois dérbis emotivos. Em Moreira de Cónegos, o génio de Ricardo Horta, aos 90+5, deu o triunfo ao Braga (de pé direito); em Guimarães, os vitorianos venceram pela primeira vez. Foi diante do Vizela, a quem foi anulado por fora de jogo o que seria o 1-0, e nove mil espectador­es (também casa “cheia”), mas a goleada só começou a construir-se após os 70 minutos.

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Luis Díaz e Jorge Saenz travaram um duelo no “batatal” dos Barreiros
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