O Jogo

Os controlado­res de ritmos

- Luís Freitas Lobo luisflobo@planetadof­utebol.com

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O Sporting perdeu os primeiros pontos em Famalicão e Amorim, no final, queixou-se da equipa nunca ter tido o controlo do jogo (mesmo quando atacava mais). Na mesma jornada, o Benfica venceu (sofrendo) o Tondela depois de Jesus fazer três substituiç­ões ao intervalo, uma delas mudando o meio-campo (trocando Meité por Weigl e, assim, libertando João Mário da missão de recuar para início de construção, passando a poder soltar-se mais no terreno). A relação entre os dois factos táticos tem a ver com a influência que um jogador-controlado­r de ritmos como João Mário pode ter no jogo duma equipa (seja em que sistema for). Viu-se neste Benfica (em 4x4x2 como antes se vira em 3x4x3) como se viu a época passada, talvez mais confidenci­almente, no 3x4x2x1 de Amorim que agora se mantém mas sem um jogador dessas caracterís­ticas (está Matheus Nunes, forte a sair conduzindo bola mas não a colocar pausa, posse e controlo no jogo intermédio), o que faz toda a diferença. Por isso, o lamento de Amorim ir ter ao mesmo nome/ jogador que faz hoje a segurança tática de Jesus. O Sporting necessita de um outro jogador com essa nuance de estilo de jogo. Talvez seja, no seu plantel, Daniel Bragança. Um talento “pacemaker de jogo” ainda em embrião que irá ter de crescer taticament­e mais depressa do que seria ideal para meter gelo quando a fórmula de Amorim se descontrol­a nos jogos.

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Não sei se Ivo Vieira tem intenção de dar ao seu Famalicão uma identidade assente na posse, mas vendo a equipa (caracterís­ticas/valor dos jogadores) nem me parece ser nesse modelo que a poderá tornar mais coesa a defender e atacar. O jogo com o Sporting provou como, mesmo não sendo equipa de contra-ataque, é, sobretudo, de ataque rápido aos espaços descoberto­s (ou tornados livres pela forma como o trio ofensivo Bruno Rodrigues-Ivan Jaime-Ivo Rodrigues sai da pressão e, com técnica veloz, cria perigo). Nessa dinâmica, fez uma bela exibição coletiva que podia ter ganho o jogo. A presença do n.º 9 de referência é fundamenta­l para esse jogo/ mobilidade ofensiva (como se vira também contra o FC Porto, onde começou mal sem ele e melhorou quando o meteu, na altura Pablo, deixando então Ivan Jaime de ser o “falso 9”, equívoco que o seu talento solto desmontou a seguir e provou agora contra o Sporting, já com o reforço Marcos Paulo a ponta-de-lança). Neste percurso, Ivo Vieira vai também conhecendo melhor a equipa e como tirar rendimento dos jogadores na adaptação ao modelo de jogo pretendido.

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Uma nota também para o miúdo Alexandre Penetra, 19 anos, no centro da defesa. Gosto de o ver. Seguro, personalid­ade e técnica. Central de futuro, claramente.

A relação de João Mário ente os jogos do Benfica e do Sporting ou por que os jogos ora se controlam, ora se descontrol­am

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Palhinha entre Ivo e Bruno Rodrigues; Weigl e Rafael Barbosa
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