Ainda vai no adro...
À quarta ronda, de novo só o Estoril. Portugal lidera transferências mundiais na última década e a velha conversa da janela de mercado
1
Quatro jornadas, um líder isolado (Benfica), com mais dois pontos do que os dois rivais mais habituais (Sporting e FC Porto) e mais cinco do que o Braga, que anda sempre ali a roçar o estatuto de candidato ao título. À exceção do Estoril, que tem os mesmos 10 pontos que dragões e leões, as restantes equipas estão a fazer, à semelhança dos pontos de situação possíveis das quatro primeiras jornadas de todas as épocas anteriores, aquilo que seria de esperar. E pronto, está feita a análise da ronda que ia deixando amargos de boca a Jesus – Tondela só perdeu dois pontos a dois minutos do fim – e deixou entusiasmo suficiente para esperar duas semanas até à retoma da prova, em pausa para compromissos da Seleção, precisamente com um Sporting-FC Porto.
2
As linhas anteriores, pretensiosamente redutoras para uma tão interessante quarta jornada da principal prova de futebol profissional português, são isso mesmo: redutoras por aparência, por se tratar de um resumo de parágrafo único. Porque é cedo para grandes análises da competição e porque ontem, primeiro dia da paragem para as seleções (já lá vamos, também), a FIFA publica um relatório sobre a primeira década de funcionamento do sistema internacional de transferências e – rufam os tambores…. – eis que Portugal lidera os lucros com as transferências internacionais (ler pág. 32, com Benfica e Sporting, respetivamente, no primeiro e segundo lugares dos emblemas que mais têm lucrado com os negócios entre clubes, e o FC Porto em sétimo. Todos juntos (mais os restantes, embora com fatias bem mais pequenas), colocaram Portugal num topo que nos devia orgulhar bem mais do que as dúvidas que levanta sobre a gestão desportiva. Mas isso são “outros quinhentos”. São 2,5 mil milhões de euros em 10 anos. Alguma coisa há de ter entrado, embora há sempre notícia de que o Fisco e a Judiciária procuram as partes subtraídas ao erário público, pela via da fuga aos impostos.
3
Antigamente, e o desporto e o futebol não escapavam à regra, não se perdia tempo a esclarecer, nos Media, o que era evidente ou informação adquirível através de uma busca simples e raciocínios sábios. O assunto é o da estação – janela de mercado -, mas deixa muitos milhares cheios de dúvidas e, por via disso, completamente desconfiados das instituições. A questão, inúmeras vezes levantada por comentadeiros – assim, sem aspas, para doer mesmo – em programas de informação sem moderadores capazes de corrigir, é a de sempre, e é até colocada por treinadores com responsabilidades, nunca questionados a fundo sobre a matéria (acho que bastava perguntar qual a solução que apresentariam): por que é que o mercado não fecha antes de se começarem as competições? Pois bem, porque mesmo que fechasse em Portugal, continuaria noutras paragens e nada disso impede emblemas internacionais de recrutarem em Portugal. E por que razão a UEFA não obriga a regras e prazos iguais para todos? A UEFA anda há tantos anos a tentar resolver isso que só uma regulamentação à escala mundial – FIFA – poderia travar o problema. E por que é que a FIFA não o faz? Porque a conjugação de regulamentos internacionais com legislações de centenas de países é mais difícil de se fazer do que ver o Unidos à Ponte de Rio Tinto vencer o Bayern de Munique.