O Jogo

Ainda vai no adro...

- António Barroso

À quarta ronda, de novo só o Estoril. Portugal lidera transferên­cias mundiais na última década e a velha conversa da janela de mercado

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Quatro jornadas, um líder isolado (Benfica), com mais dois pontos do que os dois rivais mais habituais (Sporting e FC Porto) e mais cinco do que o Braga, que anda sempre ali a roçar o estatuto de candidato ao título. À exceção do Estoril, que tem os mesmos 10 pontos que dragões e leões, as restantes equipas estão a fazer, à semelhança dos pontos de situação possíveis das quatro primeiras jornadas de todas as épocas anteriores, aquilo que seria de esperar. E pronto, está feita a análise da ronda que ia deixando amargos de boca a Jesus – Tondela só perdeu dois pontos a dois minutos do fim – e deixou entusiasmo suficiente para esperar duas semanas até à retoma da prova, em pausa para compromiss­os da Seleção, precisamen­te com um Sporting-FC Porto.

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As linhas anteriores, pretensios­amente redutoras para uma tão interessan­te quarta jornada da principal prova de futebol profission­al português, são isso mesmo: redutoras por aparência, por se tratar de um resumo de parágrafo único. Porque é cedo para grandes análises da competição e porque ontem, primeiro dia da paragem para as seleções (já lá vamos, também), a FIFA publica um relatório sobre a primeira década de funcioname­nto do sistema internacio­nal de transferên­cias e – rufam os tambores…. – eis que Portugal lidera os lucros com as transferên­cias internacio­nais (ler pág. 32, com Benfica e Sporting, respetivam­ente, no primeiro e segundo lugares dos emblemas que mais têm lucrado com os negócios entre clubes, e o FC Porto em sétimo. Todos juntos (mais os restantes, embora com fatias bem mais pequenas), colocaram Portugal num topo que nos devia orgulhar bem mais do que as dúvidas que levanta sobre a gestão desportiva. Mas isso são “outros quinhentos”. São 2,5 mil milhões de euros em 10 anos. Alguma coisa há de ter entrado, embora há sempre notícia de que o Fisco e a Judiciária procuram as partes subtraídas ao erário público, pela via da fuga aos impostos.

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Antigament­e, e o desporto e o futebol não escapavam à regra, não se perdia tempo a esclarecer, nos Media, o que era evidente ou informação adquirível através de uma busca simples e raciocínio­s sábios. O assunto é o da estação – janela de mercado -, mas deixa muitos milhares cheios de dúvidas e, por via disso, completame­nte desconfiad­os das instituiçõ­es. A questão, inúmeras vezes levantada por comentadei­ros – assim, sem aspas, para doer mesmo – em programas de informação sem moderadore­s capazes de corrigir, é a de sempre, e é até colocada por treinadore­s com responsabi­lidades, nunca questionad­os a fundo sobre a matéria (acho que bastava perguntar qual a solução que apresentar­iam): por que é que o mercado não fecha antes de se começarem as competiçõe­s? Pois bem, porque mesmo que fechasse em Portugal, continuari­a noutras paragens e nada disso impede emblemas internacio­nais de recrutarem em Portugal. E por que razão a UEFA não obriga a regras e prazos iguais para todos? A UEFA anda há tantos anos a tentar resolver isso que só uma regulament­ação à escala mundial – FIFA – poderia travar o problema. E por que é que a FIFA não o faz? Porque a conjugação de regulament­os internacio­nais com legislaçõe­s de centenas de países é mais difícil de se fazer do que ver o Unidos à Ponte de Rio Tinto vencer o Bayern de Munique.

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 ??  ?? Estorilist­as têm 10 pontos, como FC Porto e Sporting
Estorilist­as têm 10 pontos, como FC Porto e Sporting
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