Fórmula 1 estuda revisão das regras
Homologar uma prova com três voltas foi anedótico e gerou tantas críticas – incluindo dos pilotos – que os dirigentes vão ter de responder
Para os pilotos, o GP da Bélgica foi uma farsa. O CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicali, diz que a direção da corrida esteve bem, mas admite mudar o regulamento que permite corridas com duas voltas
Um dia depois de a mais curta corrida da história da Fórmula 1 ter gerado uma chuva de críticas por parte de pilotos, públicoejornalistas,chegou a reação dos responsáveis pelo Mundial, embora pouco acrescentando sobre um GP da Bélgica travado pelo mau tempo e homologado com apenas três voltas feitas atrás do Safety Car. Max Verstappen (Red Bull), George Russell (Williams) e Lewis Hamilton (Mercedes) subiram ao pódio sem qualquer volta lançada e após quatro horas de espera. “Foi, provavelmente, o dia mais agitado na minha função como diretor de corrida e delegado de segurança” afirmou Michael Masi, deixando no ar que a Fórmula 1 está aberta a uma revisão das regras. Atualmente é possível a atribuição de metade dos pontos quando não se cumpre 75% da corrida, dando-se um mínimo de duas voltasàpista.“Napróximareunião avaliaremos vários dossiês. A FIA trabalha com todas as 10 equipas para desenvolver regulamentos. Vamos ver os cenários e ouvir as opiniões”, avançou, sem nada concretizar.
Stefano Domenicali, CEO da Fórmula 1, negou ter existido um interesse comercial para a homologação das voltas atrás do Safety Car, como sugeriram Lewis Hamilton e Fernando Alonso, este falando em “manobra de marketing”. “É totalmente falso”, disse o dirigente, considerando “correta a decisão da direção da corrida”, a qual, afiançou, “não podia ser adiada para o dia seguinte, por inúmeros fatores, nomeadamente a disponibilidade dos comissários”. “Havia indicações de uma possível melhoria no tempo, que não se confirmou. Apesar da deceção geral,
“A FIA trabalha com 10 equipas para desenvolver regulamentos. Vamos ver cenários e ouvir todas as opiniões”
Michael Masi Diretor de corrida da FIA
a gestão foi correta “, frisou. Questionado sobre a eventual devolução do dinheiro ao público que esteve em Spa, Domenicali referiu: “É algo que podemos discutir com o organizador. Formalmente houve uma corrida. Sei que o promotor está a trabalhar em hipóteses, numa atenção aos adeptos”.
Por toda a Europa, a imprensa não perdoou. Por exemplo, o L’Équipe escreveu: “A F1 ridicularizou-se ao dar a vitória a Verstappen sem um único metro de corrida”. “Dinheiro e mau tempo ganham”, publicou o Corriere della Sera. O Mundo Deportivo chamou ao GP belga uma “não corrida” e o De Telegraaf referiu: “Verstappen ganha corrida que nunca existiu”.