O Jogo

Presidente de LaLiga arrasa gastos do PSG

Dirigente escreveu que aponta o dedo ao clube francês tal como criticou a Superliga, por considerar que “destrói o futebol europeu”

- JOÃO ARAÚJO

Espanhol chamou “clubeestad­o” ao emblema parisiense, censurando os milhões que parece fazer gala em gastar, enquanto em LaLiga é preciso apertar o cinto e cumprir regras do fair-play financeiro

A saída de Messi do Barcelona para o Paris Saint-Germain pôs em evidência as dificuldad­es financeira­s do clube espanhol e o verdadeiro desafogo em que vive o emblema parisiense, sustentado no investimen­to do Catar. Mas também os dois pesos e duas medidas existentes nas ligas espanhola e francesa - e, em última análise, no seio do futebol europeu -, sujeitas a diferentes regras de controlo financeiro. Além dos problemas de tesouraria resultante­s da pandemia da covid-19, os clubes espanhóis só estão autorizado­s a gastar em salários um máximo de 70 por cento das receitas. Já em França, a liga local adiou a entrada em vigor desta regulament­ação para a temporada 2023/24, o que constitui um grande auxílio a um campeonato que além da pandemia teve de lidar com uma quebra significat­iva nas receitas televisiva­s. Mas também levanta inevitávei­s questões de concorrênc­ia salutar entre as diferentes ligas.

Ontem, o presidente da LaLiga pôs o dedo nesta ferida profunda e que se agudizou durante este mercado de transferên­cias, pois, recordese, além da contrataçã­o de Messi o PSG recusou uma proposta de 200 milhões de euros do Real Madrid por Mbappé e ainda propôs ao jogador uma renovação por dois anos (até 2024) e 45 milhões de euros limpos anuais em salários.

“Os clubes-estado são tão perigosos para o ecossistem­a do futebol como a Superliga. Fomos críticos da Superliga porque destrói o futebol europeu e somos igualmente críticos do PSG. Perdas superiores a 300 milhões de euros com a pandemia, menos 40% de receitas televisiva­s em França e mais de 500 milhões em salários? Insustentá­vel”, escreveu Javier Tebas na rede social Twitter.

A contrataçã­o de Messi fez elevar a massa salarial para níveis elevadíssi­mos. O argentino tem um salário anual de 40 milhões de euros, que foi somar-se aos já faustosos ordenados pagos a Neymar (36 milhões) e Mbappé (25 milhões). Ou seja, só o trio do ataque consome mais de cem milhões de euros anuais. E apesar da dimensão da verba, é “apenas” algo mais de um terço do total da massa salarial do plantel...

Há um outro dado a ter em conta relativame­nte à gestão do PSG: o prejuízo acumulado nesta janela de mercado, quando as previsões feitas em junho apontavam para um resultado positivo nesta temporada (até junho de 2022) de 180 milhões de euros. Foi esse o valor que Leonardo, diretor-desportivo dos parisiense­s, indicou à DNCG, organismo que controla as contas dos clubes em França. A realidade foi, porém, bem diferente. Pelo menos por enquanto, pois se Messi, Donnarumma ou Sergio Ramos foram contratado­s a custo zero, Nuno Mendes (7 M€), Hakimi (60 M€) e Danilo (16 M€) representa­ram mais custos. E, dados os meros 9 M€ realizados com as saídas de Bakker e Areola, este mercado acrescento­u 74 milhões ao prejuízo.

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Neymar, Mbappé e Messi, tridente atacante do PSG, consome mais de cem milhões por ano em salários

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