A mediocridade em todo o seu esplendor
Sou daqueles que pensa que a qualidade de um árbitro não se mede em penáltis ou faltas mal assinaladas, ou em foras-de-jogo mal tirados.
Um árbitro até pode ser competente a analisar tais lances, mas se não tiver bom senso, se não souber qual o seu papel dentro do espetáculo que é um jogo de futebol, será sempre um árbitro medíocre.
No passado domingo tivemos em Guimarães um exemplo dessa mediocridade em todo o seu esplendor.
Começou logo no primeiro lance polémico da partida. Vistas todas as repetições que estão disponíveis, de todos os ângulos possíveis, em nenhum se consegue vislumbrar qualquer toque de Alfa Semedo no avançado do Belenenses. Um lance de tanta incerteza que merecia uma decisão de bom senso: na dúvida, não tomar uma decisão extrema que pode estragar o espetáculo logo no seu início.
Assim não entendeu o árbitro: falta e vermelho direto para o jogador vitoriano.
Mas o pior estava ainda para vir. Um árbitro tem de perceber que o seu papel no desafio não é o de protagonista. Esses são os jogadores e os treinadores. O sr. Hélder Malheiro claramente não concorda e assumiu ser ele o homem do jogo.
Todos os lances que se seguiram à expulsão foram um hino ao protagonismo do senhor do apito. Chegou ao cúmulo de um agarrão pela cintura ao nosso capitão (um daqueles lances em que quem agarra o faz de forma consciente para parar a jogada e seguro de levar amarelo) não ter merecido qualquer punição disciplinar por parte do árbitro.
O protagonista do jogo vestia agora de amarelo e conseguiu pôr adeptos e mesmo jogadores vitorianos com os nervos em franja. O clima foi-se tornando, de forma perfeitamente escusada, mais e mais crispado.
Para tudo isso contribuiu ainda uma atitude explicitamente provocatória da parte do juiz da partida. Com aquele ambiente e perante alguns arremessos de objetos da bancada, Malheiro insistia em atravessar o campo para entregar os mesmos a quem de direito, coisa que podia fazer de forma discreta se realmente quisesse serenar os ânimos. Não queria.Perante tudo isto, resta assinalar o que de melhor o jogo trouxe: a reação por parte dos adeptos vitorianos. Entusiasmante, vibrante, a apoiar a equipa quando ela mais precisava. Reduzido a nove jogadores, o Vitória foi amparado pelo seu público em mais uma manifestação de fervor clubístico que só esta terra e este clube conseguem dar. Foi esse apoio que permitiu que a equipa não desmoronasse e que incentivou os jogadores a nunca desistirem de tentar ganhar o jogo. Um suplemento de alma que contrastou com a falta dela por parte do adversário, incapaz de se impor, mesmo com tudo a seu favor.
À hora que escrevo estas linhas ainda não decorreu o jogo contra o Arouca. Mas qualquer que tenha sido o resultado nada apaga a jornada épica de domingo passado, onde um ponto valeu mais do que três.
Um árbitro tem de entender que o seu papel num jogo não é o de protagonista. Assim não enetendeu Hélder Malheiro