O Jogo

QUE GRANDE GALO PASSOU PELO DRAGÃO

Nem a jogar contra 10, desde os 2’, o FC Porto foi capaz de desmontar a organizaçã­o do Gil Vicente. Três bolas nos ferros e muito desperdíci­o impedem triunfo

- Textos CARLOS GOUVEIA

Enorme postura do Gil: mesmo em inferiorid­ade, nunca abdicou de jogar, marcou e resistiu até ao fim, saindo com um empate que impede os dragões de ficarem mais perto dos Aliados.

Um enorme Gil Vicente impediu o FC de capitaliza­r o empate da véspera do Sporting, mantendo tudo na mesma na frente do campeonato. Os portistas enviaram três bolas aos ferros, perderam uma mão cheia de golos, mas mais do que esse demérito - muito mais, aliás –, a divisão de pontos é um prémio justíssimo para a demonstraç­ão de caráter e qualidade dos gilistas, que ficaram em inferiorid­ade numérica logo aos 2’ e nunca abdicaram de jogar: aguentaram a pressão, adiantaram-se num lance com nota artística – num adas inúmeros transições que fizeram aproveitan­do a auto estrada na zona central – e mereceram a estrelinha que tiveram em alguns momentos. A continuar assim, a Europa não é apenas um sonho para os de Barcelos ,é uma meta perfeitame­nte alcançável.

Por todas as razões e mais uma – no caso o resultado dos leões na véspera -, o FC Porto tinha a obrigação de vencer e o primeiro lance do jogo mostrou uma equipa que pretendia marcar cedo de forma a gerir os ritmos de uma forma mais confortáve­l e, sobretudo, menos desgastant­e dado o curto intervalo entre os últimos dois jogos. Evanilson foi isolado por Taremi e acabou derrubado por Vítor Carvalho. O árbitro expulsou o médio e obrigou os gilistas a jogarem mais de 88 minutos em inferiorid­ade numérica. Tudo se conjugava, na teoria, para uma noite tranquila dos portistas que mantiveram o pé no acelerador até aos 20’. Ricardo Soares resistiu ao ímpeto de mexer na equipa e o jogo deu-lhe razão. Bastou recuar um pouco Fujimoto para atuar mais perto do trinco Pedrinho e o Gil Vicente foi capaz não só de manter o equilíbrio como de acrescenta­r veneno nas transições, quase sempre através do japonês e da superior qualidade de Samuel Lino. Os dois causaram alguns calafrios nas bem compostas bancadas do Dragão durante a primeira parte. No FC Porto, nem a entrada de Galeno, à meia-hora, para o lugar do estreante a titular Eustáquio agitou as águas. A incapacida­de para desmontar um Gil Vicente com menos um era evidente, mas também é verdade que os portistas não davam sinais de impaciênci­a. Ainda havia muito tempo.

Conceição exigia mais e o FC Porto regressou do descanso mais agressivo na disputa das bolas e bem mais intenso, encostando o Gil Vicente às cordas: Pepê atirou ao poste, Taremi errou a emenda numa oferta de Andrew, que se redimiu pouco depois num remate de Vitinha que tinha selo de golo. Os gilistas resistiam sem abdicar dos seus princípios de jogo e tinham sempre um olho nas transições porque era evidente o espaço que existia na zona central, sobretudo depois da saída de Eustáquio. E foi por esse corredor que Samuel Lino foi progredind­o, sem que ninguém se chegasse, até entregar a Fran Navarro que concluiu o lance com enorme classe.

A resposta surgiu quatro minutos depois com mais uma assistênci­a de Taremi para Evanilson. O relógio dizia que ainda havia quase meia hora para completar a cambalhota no marcador. Conceição apostou então as fichas todas com as entradas de Francisco Conceição – também atirou aos ferros... de cabeça -, Fábio Vieira e Toni Martínez, mas a equipa de Ricardo Soares sobreviveu a tudo, inclusive a uma terceira bola na trave no último lance.

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Francisco Conceição adianta-se a Talocha
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