O Jogo

Sofrimento, alívio e pedidos de boicote

Nélson Monte aterrou na noite de sábado em Portugal e Paulo Fonseca conta chegar hoje. Angústia do povo relatada por ambos os lusos

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Rússia na mira de várias entidades do Desporto, desde a Associação de Atletas Olímpicos de Portugal à federação francesa de futebol. Basquetebo­l e triatlo darão apoio aos ucranianos

“Nemconsigo­dizernada, sinceramen­te. Foi muito difícil chegar aqui. Foram dois ou três dias muito complicado­s. Agora quero desfrutar com os miúdos e a minha mulher”, desabafou Nélson Monte, jogador da equipa ucraniana do Dnipro, à chegada ao aeroporto de Lisboa na noite de sábado. “Olá. Eu e a minha família já estamos fora da Ucrânia. Após mais de 30 horas de viagem chegámos aqui à Roménia, onde estamos neste momento. Conto regressar amanhã [segunda-feira, n.d.r.] a Portugal, onde darei mais detalhes do que foram estes longos dias, e onde agradecere­i às pessoas que me ajudaram muito neste momento”, contou Paulo Fonseca, antigo treinador do Shakhtar Donetsk e casado com uma ucraniana, numa mensagem gravada no Instagram. Em comum, além de estarem já a salvo do conflito provocado pela invasão da Rússia ao país vizinho, as palavras de gratidão a quem os ajudou: “O Estado de Portugal esteve sempre em contacto comigo e a Embaixada também. Quero também agradecer ao Sindicato dos Jogadores e à FPF, bem como à Câmara Municipal de Vila do Conde”, disse Monte, que confessou ter sentido medo desde o primeiro bombardeam­ento. “Só hoje [sábado, n.d.r.]quando passei a fronteira para a Roménia é que aliviei um bocado a tensão que sentia. É de loucos”, contou ainda o ex-Rio Ave, que relatou uma viagem de carro de mais de 25 horas, com dez quilómetro­s a pé e cenas de sofrimento dos ucranianos que chegavam à fronteira e após esperarem horas não podiam sair. “O que eles faziam? As mulheres e os filhos foram e eles ficaram. O desespero dos ucranianos é inacreditá­vel”.

Fonseca disse ainda que ele e a família estão seguros e deixou um pedido: “O pesadelo continua para aquele povo, que continua a lutar de forma heroica. Faço um apelo para que todos nós continuemo­s a lutar por aquele povo, que continua a sofrer de uma forma tão injusta.

Olímpicos propõem suspensão de provas

Ontem, a Associação dos Atletas Olímpicos de Portugal (AAOP) foi uma das entidades a propor boicotes do desporto à Rússia. “A AAOP apela às autoridade­s desportiva­s nacionais para que imediatame­nte se suspendam todos os contactos e atividades competitiv­as com quaisquer agentes representa­ntes da Rússia e da Bielorrúss­ia, enquanto território­s agressores neste conflito”, referiu, condenando“com total veemência” a invasão. A Federação Francesa de Futebol defendeu mesmo a exclusão da Rússia do Mundial ’2022 e apoiou a decisão de Polónia, Suécia, a que ontem se juntou a Chéquia, de não defrontare­m os russos no “play-off ” do campeonato do mundo. “Nestas circunstân­cias dramáticas, como poderíamos pensar em jogar futebol contra este país?”, disse ao Le Parisien Noel Le Graet, presidente da FFF.

E se a Federação Internacio­nal de Judo suspendeu o estatuto de presidente honorário e embaixador do organismo do líder russo, Vladimir Putin, por cá houve quem desse passos em frente - a Federação Portuguesa de Basquetebo­l pôs os seus recursos à disposição da comunidade ucraniana com ligações à modalidade em solo luso; a Federação de Triatlo de Portugal (FTP) vai patrocinar a presença de atletas ucranianos na próxima edição do Triatlo de Quarteira, prova da Taça da Europa.*

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Cidades portuguesa­s saíram à rua em apoio à Ucrânia

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