“Há muita contra-in formação”
Candidato da Lista B tem um plano com várias etapas para devolver a saúde financeira e o êxito ao Vitória de Guimarães
Em vez dos onze do costume de toda uma vida de futebol, como atleta e treinador, aos 42 anos, Alex Costa reuniu uma equipa mais vasta para entrar no campeonato de um clube só, o Vitória de Guimarães.
O “descontentamento” com a gestão atual pôs o núcleo que dá corpo à Lista B, nas eleições de sábado, a pensar o Vitória de Guimarães “de forma estrutural”. Alex Costa disputa a presidência com António Miguel Cardoso, cujo programa resume a “uma mão cheia de nada” e o atual titular do cargo, Pinto Lisboa, em cujas propostas vê o “intuito de camuflar o que foi feito” nestes três anos e “muito poucas ideias”. Eis como quer fintar o risco de insolvência da SAD para reconquistar a “sustentabilidade financeira” e dar novo rumo ao projeto desportivo.
Em que é que o projeto da Lista B se distingue dos demais?
—Os perfis das pessoas e a objetividade do programa. Somos muito mais concretos, com um plano de reestruturação financeira detalhado, um programa desportivo que assentará na formação, igualmente detalhado, tal como na área da comunicação, comercial, das infraestruturas, porque as campanhas eleitorais servem para isso, esclarecer e apresentar ideias.
Vamos às ideias. Como se propõe fazer o aumento de capital da SAD?
—Antes disso, temos um problema grave de tesouraria que assombraoVitória.Temcumprido com os atletas e funcionários, mas recorrendo à antecipação de receitas ou a operações financeiras com taxas de juro elevadíssimas, e o caminho não é esse.
Qual é o caminho?
—Fizemos o trabalho de casa e percebemos que, de imediato, teremos de montar uma operação financeira que não é a solução que queremos implementar no Vitória, mas tem de ser uma solução imediata para este problema muito concreto de tesouraria.
Os famosos cinco milhões de euros que têm dado muito que falar?
—Há quem prefira o termo al
“O que nos diferencia é não querermos o Vitória gerido desta forma, através de cartões de crédito.”
mofadas financeiras, que não têm limite, sãoin finitas. Nós somos específicos, édes ta verba que precisaremos para terminar a época com dignidade.
De onde vêm os cinco milhões?
—Não se assinam contratos com candidatos. Falámos com variadíssimas instituições financeiras. Quando chegarmos ao Vitória, escolheremos o melhor negócio. Somos contra o que foi feito por Pinto Lisboa, há um ano, com uma antecipação crucial das receitas televisivas. Isso põe em causa o futuro. Serão parceiros que queiram rentabilidade através de futuras vendas. Mas, istoépontual, para resolver o imediato. A seguir, entramos no plano de contingência a apresentar aos sócios a 60 dias, para começarmos logo a equilibrar o principal problema do Vitória: os custos com pessoal e as receitas, grande parte delas hipotecada.
Como se faz isso?
—Com a redução de atletas, principalmente. Muitos têm vindo a falar de funcionários, enfim... Temos de olhar para as contas com olhos de ver: mais de 80 por cento dos custos da SAD com pessoal é com atletas profissionais. Se olharmos para os funcionários, não resolvemos o problema.
Mas esses jogadores têm contratos.
—Obviamente, há que ter uma conversa com todos eles, os que nos interessam e os que não interessam, e também a capacidade de, no mercado, encontrar parceiros que nos ajudem. Este equilíbrio de custos/receitas não se faz num mês nem em dois. Será num, dois anos, no mínimo. É impossível reequilibrar em dois ou três meses um clube que tem cerca de 19 milhões de euros em salários anuais. Levará tempo. Por isso apresentaremos este plano detalhado aos sócios, para que também o aprovem e comecemos logo a definir o essencial e o acessório.
Está fora de causa hipotecar o património?
—Isso não tem nada a ver com este plano. Is totem fases, e muita gente já tentou meter tu dono mesmo saco, com o intuito de confundir as pessoas. É bom que fique bem claro: numa primeira fase, há a necessidade de resolver os problemas de tesouraria; numa segunda fase, a apresentaçãode um plano estratégico rigoroso para diminuir os custos com a SAD; e depois vamos promover, logo no primeiro ano, uma operação de aumento de capital na SAD, porque, em primeiro lugar, temos de cumprir o contrato com Mário Ferreira. Esse dinheiro tem de vir do Vitória SC e não do Vitória SAD. Terá de encontrar soluções para se capitalizar para comprar as ações e, ao mesmo tempo, promover um aumento de capital, após essa compra, apoiado por parceiros minoritários, que nos permita resolver o problema dos capitais próprios negativos que nos assombra e é gravíssimo. Esta é uma operação difícil, mas não podemos esquecer que o Vitória SC, neste momento, é o pólo neste universo que está em condições de promover isso. Porquê? O Vitória SAD vive momentos dificílimos e o Vitória SC, ao longo destes dez anos, foi diminuindoopassivoatravésdo fluxo financeiro SAD/clube e, hoje em dia, é o pólo que está commaissaúde,digamosassim, parasuportarumaoperaçãodestas, mediante os ativos que tem.
Essa ideia do património assusta muito os adeptos.
—O património doVitória SC já está em causa, com a situação financeira que a SAD vive. O clubeéoacionistamaioritário,com 51 por cento; tem uma SAD em risco de insolvência. Se a SAD não sobreviver, o património do Vitória SC, como acionista maioritário, está em causa. Para além disso, no acordo que se fez na constituição da SAD, o clube reestruturou a sua dívida a 120 meses e tem vindo a pagar através, precisamente, do negócio SAD e do fluxo que é canalizado para que o clube cumpra. Se a SAD “desaparecer”, o clube deixa de ter condições de cumprir com o plano acordado em 2013 - plano esse que tem como suporte o património do clube. Os sócios não podem ser confundidos.
Esta tem sido a parte do projeto mais difícil de explicar aos sócios?
—É, porque há muita contra-informação. Como sou um homem do desporto, primeiro, houve a tentativa de “denegrir”: não percebe de gestão, não percebe nada disto. Quando apresentámos este programa detalhado, e do outro lado, onde estão os gestores, o que há é ilusão e almofadas financeiras - a ideia é: tenho uma almofada; não sei quanto é, de onde vem nem quanto vou pagar, mas tenho -, o passo é a contra-informação, misturar tudo. Daí a dificuldade. Depois, partimos para a explicação detalhada e foi: está aqui um bom plano, mas impossível de executar. E agora vamos provar queé perfeitamente possível. Se, numa primeira fase, a da tesouraria, queremos resolvê-lo exatamente como todos os outros têm vindo a fazê-lo, numa segunda fase pretendemos equilibrar as contas do clube. O que nos diferencia é não querermos que o Vitória seja gerido desta forma, através de cartões de crédito, a pedir dinheiro emprestado, tapar um buraco, a seguir pedir mais... Somos mais audazes.