O Jogo

“Todos vão ter uma voz”

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De início, estranha-se, depois entranha-se: este novo e mais abrangente papel que Alex Costa se propõe assumir no Vitória surpreende­u os adeptos. Esqueçam o discurso da bola. Agora, o jogo é outro.

Numa conversa descontraí­da, Alex Costa fala dos planos para o Vitória com rigor com que um treinador detalha cada movimento de toda uma equipa. É disso que se trata, explica É uma surpresa ver o outrora capitão falar como um gestor. De onde vem isso?

—Sempre fui muito preocupado com tudo à volta do futebol. Em Portugal, vamos quebrando a ideia enraizada de que o jogador não tem capacidade para pensar. É uma falsidade, e as empresas procuram muito exjogadore­s, porque têm capacidade­s de liderança e comunicaçã­o que não se encontram facilmente nas universida­des. O Vitória é uma grande instituiçã­o, uma grande empresa que depende, acima de tudo, de uma boa gestão de recursos humanos. De uma boa liderança. Há que ter capacidade de motivar, de dar autonomia, comum líder que, obviamente, não tem que saber de tudo, mas tem de se rodear de gente bem melhor. Essa é uma virtude que quero trazer para ao Vitória.

Futebolist­a, treinador... que presidente vai ser o Alex? Um chato que se mete em tudo?

—Não, não... (sorri) Enganamse os que pensam que, por estar ligado ao futebol, serei esse tipo de presidente. A minha missão é criar uma estrutura.

Aí, posso aportar qualidade ao Vitória. Definir uma estrutura rigorosa, um conselho de administra­ção, a criação de chefias intermédia­s que vão liderar as suas equipas com autonomia e responsabi­lidades: vamos exigir resultados. Depois, no futebol, toda uma estrutura muito simples e eficaz, em que cada um saberá o que tem de fazer

“A minha missão é criar uma estrutura (...) com autonomia e responsabi­lidades: vamos exigir resultados.”

e a quem reportar, coisa que não acontece. Insisto: vamos exigir resultados e essa gente tem de mastigar as decisões. Temos de começar a contratar num processo ascendente e o que acontece, há muitos anos, é que as contrataçõ­es partem sempre de cima e são comunicada­s a toda a estrutura: contratámo­s este e aquele; vai chegar amanhã... E onde estão os pareceres técnicos? Os pareceres financeiro­s? O que pretendemo­s é, exatamente, o contrário. É criar uma estrutura em que o scouting vai ter uma voz, o diretor desportivo, o treinador, o diretor geral, o diretor financeiro, e depois essa decisão estará mastigada e nós, conselho de administra­ção, estaremos no topo da hierarquia para decidir para onde se avança. Com esta capacidade de delegar, dar autonomia. Acredito muito nisto: felizes, trabalhamo­s e rendemos muito mais.

Como é que alguém que não gosta de tirar fotografia­s se está a sentir na campanha, a assumir o jogo sozinho?

—Temos assumido a dianteira, essa é uma marca: damos o primeiro passo e as outras candidatur­as vêm atrás, com o diretor desportivo isso foi claro. É este papel de liderança que quero trazer para o Vitória. Os homens da campanha cobramme muito o andar nos cafés, em lugares que não costumava frequentar, e a minha resposta é que tenho de continuar a ser o mesmo. Vivo em Guimarães, ando de cabeça erguida. Não pode valer tudo para chegar à presidênci­a.

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