Jogador do Karpaty morre em combate
Duas mortes de futebolistas marcaram a terça-feira, mas a guerra também se fez nos balcões das lojas de equipamentos desportivos
Dois futebolistas mortos, um deles de arma na mão, mais uma vaga de boicotes internacionais num dia marcado pelo recado enviado ao capitão da seleção russa de futebol por um jogador do Everton.
O feriado de Carnaval acolheu mais uma torrente de notícias consequentes da invasão da Ucrânia, incluindo as mortes de dois futebolistas, um deles em combate. Vitalii Sapylo, jogador do Karpaty, foi vítima das tropas russas em Lviv quando lutava ao lado do exército ucraniano, e Dmytro Martynenko morreu em casa, durante um bombardeamento. Num dia marcado por mais uma dose de sanções desportivas à Rússia, por parte do ciclismo, do atletismo, do ténis, ténis de mesa, do râguebi e do voleibol, o protagonismo pertenceu a duas figuras figuras do futebol, que abandonaram o campeonato russo com palavras duras para o governo local.
O treinador alemão Marcus Gisdol, que orientava o Lokomotiv, decidiu abandonar Moscovo por considerar a situação “intolerável. “Não concebo”, disse, “estar a treinar os meus jogadores, ex-igindo -lhesprofissionalismo, e a alguns quilómetros de distância estarem a ser dadas ordens que implicam enorme sofrimento a todo um povo.” Os ucranianos Andiy Voronin, antigo avançado do Liverpool que exercia funções de treinador adjunto no Dínamo de Moscovo, e Yaroslav Hodzyur, guarda-redes do Ural Yekaterinburg, seguiram o mesmo caminho, mas Voronin foi um pouco mais vocal. “Talvez Putin só queira estar nos livros de história, mas nunca estará, quanto muito estará como um criminoso. Detenham esse filho da puta e ajudem os refugiados. Enviem armas para que nos possamos defender. Estou muito orgulhoso do nosso país.”
Em Inglaterra, o futebolista Vitali Mykolenko, do Everton, utilizou as redes sociais para alvejar o capitão da seleção russa de futebol, Artem Dzyuba. “Enquanto ficas calado, seu cabrão, juntamente com os teus colegas de merda, cidadãos inocentes estão a ser assassinados”, escreveu no Instagram. “Vais ficar preso na tua masmorra para o resto da vida, e mais importante de tudo, até ao fim da vida dos teus filhos. E estou feliz por isso.”
Entretanto, o Schalke 04 fez saber que dispararam as vendas da camisola sem o logótipo da Gazprom. Logo na quinta-feira, dia em que se iniciou a invasão da Ucrânia, o clube alemão mandou retirar todas dos equipamentos todas as menções à empresa pública russa de exploração de gás natural e procedeu depois à rescisão dos contratos de patrocínio, medida em que foi secundada, anteontem, pela própria UEFA, cuja Liga dos Campeões também era sponsorizada pela Gazprom. O negócio valia aos germânicos um encaixe anual de nove milhões de euros, que seriam 15 M€ em caso de subida à I Divisão. O vizinho Borússia de Dortmund disponibilizouse, entretanto, para auxiliar financeiramente o Schalke. Da Alemanha chegou também o anúncio, pela Adidas, de “suspensão imediata” da parceira com a Federação Russa de Futebol, já afastada, esta segunda-feira, de todas as competições pela FIFA, após grande pressão internacional.