O futebol a dois tempos de Conceição
Sérgio transformou o desgaste do FC Porto numa vantagem que deixou o Sporting de Amorim sem resposta. As circunstâncias do jogo disfarçam o efeito, mas os números são bem claros.
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Sporting-FC Porto de ontem segue direto para o álbum dos melhores clássicos de Sérgio Conceição. Não porque o jogo tenha sido perfeito, mas porque a situação era delicada e porque o plano inicial acabou por ser cumprido. Em Alvalade, numa eliminatória a duas mãos, baixou o volume à habitual fúria ofensiva que o pôs em sarilhos no recente jogo do Dragão (desnecessariamente), sem ainda assim conseguir domesticar o Sporting, na primeira parte. Só que Amorim jogava em casa, por isso uma oportunidade concedida até ao intervalo era bastante aceitável. Depois, entrava em cena o futebol a dois tempos de que Conceição gosta. Segurar no banco Otávio, João Mário e mesmo Pepê era, provavelmente, uma obrigação, porque a equipa vinha de cinco jogos em duas semanas, mas, em simultâneo, uma arma poderosa. Pelo meio, meteu-se o golo de Sarabia e a entrada do trio passou por ser uma reação em vez do plano inicial. Não era, nem podia ser, estivesse o FC Porto a perder ou a empatar. E foi essa segunda vaga que decidiu a noite, de forma bastante óbvia e clara nos números: o Sporting fez cinco remates numa primeira mão da Taça jogada em casa contra um adversário desgastado. Seis dos oito remates do FC Porto foram dentro da área e os rapazes de Amorim conseguiram dois, apesar dos 24 cruzamentos registados. Quatro cantos dos visitantes e dois dos visitados. No fim, e mau grado a primeira parte contida, até na posse de bola Conceição acabou à frente, com o brinde de ter assistido a um raro desnorte deste Sporting na ponta final do jogo. Mas quaisquer que sejam as leituras, jogou-se mais tempo, discutiu-se menos e recuperou-se algo que há duas semanas estava perdido: a vontade de ver estas duas equipas outra vez em campo.