UM DÉRBI ASSIM MERECIA UMA CHUVA DE GOLOS
JUSTO Os dragões dominaram a primeira parte em absoluto e podiam ter ido descansados para o intervalo, mas tiveram de aguentar a raça da pantera
O FC Porto venceu e deu mais um passo para a conquista do título e também impôs a primeira derrota ao Boavista no Bessa desde que Petit, em boa hora, ali chegou. Foi bonito o espectáculo.
Sérgio Conceição bem tinha avisado que este ia ser um parto muito difícil. E foi. O ambiente que os adeptos emprestaram a este dérbi, como sempre, ajudou à emoção que se viveu ao longo de 90 minutos e mais uns pozinhos, contando ainda com a incerteza que pairou no resultado até ao final, muito por obra do Boavista, que cresceu para o jogo quando o FC Porto começou a ficar sem a frescura com que mandou na primeira parte. Este dérbi teve de tudo: umas picardias, como convém, mas nada de extraordinário, muita chuva, só não teve aquilo que ele realmente merecia: muitos golos, uma chuva de golos. Os jogadores fizeram por isso, mas infelizmente para quem viu o jogo, só houve um, bonito, por sinal, e para a equipa que mais fez por isso.
Sérgio Conceição teve uma contrariedade, no fundo, o prolongamento da eliminatória da Liga Europa, com a eliminação e a avaria na aeronave que atrasou a viagem de regresso. Ninguém contaria com o resultado positivo à covid-19 de Taremi que o afastou do jogo, quando até estava na ficha. Solucionado o problema, saltou Fábio Vieira para o jogo e foi um prodígio enquanto lá andou. O FC Porto apresentou-se num 4x4x2 facilmente desdobrável, enquanto o Boavista não abdicou do seu 3x4x3. Só que os homens de Petit tiveram muitas dificuldades para impor no campo este sistema, porque os portistas fizeram uma primeira parte de luxo, mandando no jogo, sufocando o Boavista, muito por fruto da pressão alta e consistente que fez. A equipa de Sérgio foi absolutamente dominadora, tanto que o primeiro remate digno desse nome dos axadrezado surgiu já muito perto do intervalo, por Sauer. Diogo Costa foi um espectador privilegiado e quase podia ter levado uma cadeirinha para se sentar a ver o jogo. Pelo meio, o FC Porto marcou e criou ocasiões suficientes para ir para o intervalo descansadinho da vida. Só que isso não aconteceu; Bracali, alguma desafinação no último momento e também a boa resposta da defesa boavisteira impediram que houvesse mais golos, como o FC Porto merecia.
A segunda parte foi totalmente diferente. O Boavista subiu as linhas e começou a acreditar que poderia eventualmente aproveitar uma menor frescura dos dragões à medida que o jogo se aproximava do final. E isso aconteceu, realmente, depois do desperdício de Evanilson, ou do grande momento de Bracali, melhor dizendo, ao defender o penálti e a recarga.
Esse momento teve o condão de despertar o Boavista para a vida e viu-se então a equipa de Petit a crescer, a levar perigo à área de Diogo Costa, obrigando mesmo Sérgio Conceição a tomar providências e a reforçar o meio-campo, primeiro com Grujic e depois com Eustáquio. Nos momentos finais, os boavisteiros foram muito perigosos, Musa atirou à barra e Diogo Costa sorriu de felicidade. O Boavista merecia o golo, mas o FC Porto não merecia perder pontos neste jogo. Ganhou os três e com toda a justiça.