O Jogo

UM DÉRBI ASSIM MERECIA UMA CHUVA DE GOLOS

JUSTO Os dragões dominaram a primeira parte em absoluto e podiam ter ido descansado­s para o intervalo, mas tiveram de aguentar a raça da pantera

- CARLOS PEREIRA SANTOS

O FC Porto venceu e deu mais um passo para a conquista do título e também impôs a primeira derrota ao Boavista no Bessa desde que Petit, em boa hora, ali chegou. Foi bonito o espectácul­o.

Sérgio Conceição bem tinha avisado que este ia ser um parto muito difícil. E foi. O ambiente que os adeptos emprestara­m a este dérbi, como sempre, ajudou à emoção que se viveu ao longo de 90 minutos e mais uns pozinhos, contando ainda com a incerteza que pairou no resultado até ao final, muito por obra do Boavista, que cresceu para o jogo quando o FC Porto começou a ficar sem a frescura com que mandou na primeira parte. Este dérbi teve de tudo: umas picardias, como convém, mas nada de extraordin­ário, muita chuva, só não teve aquilo que ele realmente merecia: muitos golos, uma chuva de golos. Os jogadores fizeram por isso, mas infelizmen­te para quem viu o jogo, só houve um, bonito, por sinal, e para a equipa que mais fez por isso.

Sérgio Conceição teve uma contraried­ade, no fundo, o prolongame­nto da eliminatór­ia da Liga Europa, com a eliminação e a avaria na aeronave que atrasou a viagem de regresso. Ninguém contaria com o resultado positivo à covid-19 de Taremi que o afastou do jogo, quando até estava na ficha. Solucionad­o o problema, saltou Fábio Vieira para o jogo e foi um prodígio enquanto lá andou. O FC Porto apresentou-se num 4x4x2 facilmente desdobráve­l, enquanto o Boavista não abdicou do seu 3x4x3. Só que os homens de Petit tiveram muitas dificuldad­es para impor no campo este sistema, porque os portistas fizeram uma primeira parte de luxo, mandando no jogo, sufocando o Boavista, muito por fruto da pressão alta e consistent­e que fez. A equipa de Sérgio foi absolutame­nte dominadora, tanto que o primeiro remate digno desse nome dos axadrezado surgiu já muito perto do intervalo, por Sauer. Diogo Costa foi um espectador privilegia­do e quase podia ter levado uma cadeirinha para se sentar a ver o jogo. Pelo meio, o FC Porto marcou e criou ocasiões suficiente­s para ir para o intervalo descansadi­nho da vida. Só que isso não aconteceu; Bracali, alguma desafinaçã­o no último momento e também a boa resposta da defesa boavisteir­a impediram que houvesse mais golos, como o FC Porto merecia.

A segunda parte foi totalmente diferente. O Boavista subiu as linhas e começou a acreditar que poderia eventualme­nte aproveitar uma menor frescura dos dragões à medida que o jogo se aproximava do final. E isso aconteceu, realmente, depois do desperdíci­o de Evanilson, ou do grande momento de Bracali, melhor dizendo, ao defender o penálti e a recarga.

Esse momento teve o condão de despertar o Boavista para a vida e viu-se então a equipa de Petit a crescer, a levar perigo à área de Diogo Costa, obrigando mesmo Sérgio Conceição a tomar providênci­as e a reforçar o meio-campo, primeiro com Grujic e depois com Eustáquio. Nos momentos finais, os boavisteir­os foram muito perigosos, Musa atirou à barra e Diogo Costa sorriu de felicidade. O Boavista merecia o golo, mas o FC Porto não merecia perder pontos neste jogo. Ganhou os três e com toda a justiça.

 ?? ??
 ?? ?? Fábio Vieira fez o quarto golo no campeonato
Fábio Vieira fez o quarto golo no campeonato
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal